O Município de Cascais apresentou o novo e inovador sistema de recolha de Óleos Alimentares Usados (OAU), numa sessão que contou com a presença do Secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa.
Este novo sistema inclui a instalação de uma rede de 100 novos oleões em todo o concelho, equipados com tecnologia de ponta. Os novos contentores serão equipados com sensores de enchimento que emitem alertas para recolha, permitindo ainda geolocalização e geração de dados que serão transformados em informações para os munícipes. Todos os oleões estão equipados com painéis solares para garantir o seu funcionamento sustentável.
Para Nuno Piteira Lopes, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais e responsável pelo pelouro do Ambiente, “a autarquia encara a sustentabilidade como uma alavanca para o desenvolvimento estratégico, por isso assume a implementação de projetos pioneiros sem receios, um facto que centra no trabalho da Câmara de Cascais a atenção de outros municípios que, à semelhança do que acontece com mais projetos, olham para Cascais como o exemplo a seguir”. Para além da posição vanguardista da autarquia, Nuno Piteira Lopes destaca “o compromisso dos cascalenses na implementação destas políticas”, reforçando que “sem a colaboração dos munícipes, ações como esta não teriam qualquer tipo de sucesso”, agradecendo “o compromisso e a dedicação de todos”.
A par destes novos 100 oleões, manter-se-ão em funcionamento os 33 oleões instalados pelos retalhistas do concelho.
Na fase inicial do novo sistema, está a ser realizado um teste-piloto na zona de Carcavelos-Parede, onde estão a ser distribuídos kits de gelificação, uma solução inovadora para solidificar o óleo. Este método trouxe inúmeras vantagens para os utilizadores, tornando o armazenamento mais fácil, permitindo que o óleo seja colocado em sacos, ocupando menos espaço e facilitando o transporte até ao oleão. Nos oleões abrangidos pelo piloto de solidificação dos óleos, verificou-se um aumento de 12% da quantidade total de óleo recolhido, face ao período imediatamente anterior.
Antes da implementação do novo sistema, apenas 8-10% do óleo alimentar comprado e utilizado nos agregados familiares foi depositado nos equipamentos de recolha de OAU designados. Os restantes óleos alimentares usados acabavam no sistema de águas residuais ou no lixo indiferenciado, contaminando as águas residuais, dificultando o seu tratamento e aumentando os custos.
O objetivo deste novo sistema é aumentar consideravelmente as quantidades recolhidas, que em 2024 se cifraram nos 25m3 em todo o concelho e que se pretende chegar aos 50m3 com o sistema implementado em todo o concelho, potenciando o mercado de reciclagem deste produto e a sua reentrada na economia através da transformação industrial.
Um litro de óleo alimentar usado pode ser convertido em cerca de 0,8 litro de combustível verde. Os combustíveis verdes produzidos a partir de OAU, como biodiesel, HVO ou SAF, permitem reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) em mais de 80% quando comparados com os combustíveis fósseis que substituem.
A separação eficaz de óleo alimentar usado oferece ainda outras vantagens industriais. Este recurso pode ser reciclado e utilizado na produção de alimentos para animais, detergentes, cosméticos, plásticos, moldes e ainda como matéria-prima para biocombustíveis. Estas aplicações reforçam a importância de uma recolha eficiente, promovendo uma economia circular e sustentável.
Outra meta deste novo sistema é reduzir o vazamento de óleos alimentares usados para os esgotos domésticos, pela relação direta que têm no entupimento das canalizações na via pública e na contaminação das águas e solos. Segundo a APA, “um litro de óleo doméstico deitado no ralo da bancada da cozinha chega a contaminar de uma só vez 1 milhão de litros de água.” O sistema de recolha de óleos alimentar com recurso à solidificação reduz é um sistema que reforça a prevenção deste nocivo hábito ambiental.