Cerca de 26% dos portugueses consideram comprar objetos, livros ou roupa em segunda mão a outros indivíduos. As conclusões constam do “Circular Economy Book”, realizado pelo Echangeur, um dos centros de investigação económica do departamento Prospetivo do Cetelem – BNP Paribas Personal Finance. O estudo tem por base os dados do “Access Panel”, plataforma que reuniu respostas de 14 mil indivíduos na Bélgica, Espanha, França e Portugal em 2020.
Entre os 10 perfis de consumo avaliados, a que corresponderão os estilos de vida mais comuns em Portugal, os Casais Jovens (32%) são os que aderem mais à segunda mão, nomeadamente através de serviços que permitam comprar ou vender a outros indivíduos (CtoC), pode ler-se num comunicado divulgado pelo Cetelem. Além de estarem bastante preocupados com a sustentabilidade, veem nestas práticas uma forma de minimizar o peso significativo das despesas pré-alocadas, permitindo que vivam experiências de vida com menos pressão financeira, revela o estudo.
Em segundo lugar, encontram-se as Famílias Pressionadas (31%) financeiramente, seguidas pelas Famílias Estrategas (30%), ambas por razões orçamentais, uma vez que lhes permite poupar. Já para as Famílias Abastadas (28%) e os Casais Ouro de Meia-Idade (28%) a compra ou venda em segunda mão parece ser uma oportunidade para poderem comprar bens de luxo, além de uma forma de limitar o impacto ambiental. Os Trabalhadores Solteiros (27%) completam o TOP 5 desta lista, existindo maior envolvimento em serviços de compra e venda a outros indivíduos entre os que têm menos de 45 anos, uma vez que os ajuda a contrabalançar o peso das despesas pré-alocadas que suportam sozinhos.
Os Seniores Solitários (19%), de todos os perfis, são os que menos aderem a esta prática, maioritariamente porque esta geração tende a favorecer a propriedade, indica o mesmo estudo.
A preferência por alugar em vez de comprar
Segundo os dados do estudo Cetelem, de forma geral, “29% dos portugueses estariam dispostos a optar pela prática de alugar em vez de comprar. 21% alugariam, por exemplo, um carro; 7% um Smartphone; 5% um Tablet ou um computador; e 5% um Eletrodoméstico”.
Entre os perfis que estão mais dispostos a aderir ao aluguer, segundo o estudo, encontram-se as Famílias Abastadas (45%), principalmente por estarem muito comprometidas com a economia circular e também devido à margem de manobra e conforto orçamental. 36% das Famílias Estrategas e 32% dos Casais Jovens também estão entre os perfis mais dispostos a alugar em vez de comprar certos equipamentos. Sensíveis aos benefícios dos serviços de leasing em geral, as Famílias Pressionadas (31%) demonstram estar prontas a adotar essa prática e a economia de custos surge como o principal incentivo.
Os Modestos de Meia-Idade (23%), por outro lado, são os “menos envolvidos” nestas práticas, preferindo muitas vezes adquirir os equipamentos/produtos do que alugar, precisa o Cetelem.
Portugueses escolhem comprar a produtores locais
O estudo revela igualmente que 36% dos portugueses compram bens alimentares diretamente aos produtores locais. Os Seniores Solitários (44%), entre todos os perfis analisados, são os que o fazem mais vezes, potencialmente por valorizem as recomendações de pessoas de confiança, como, por exemplo, de comerciantes conhecidos, lê-se no comunicado do Cetelem.
Seguem-se os Modestos de Meia-idade (39%), uma vez que se encontram mais inclinados para o consumo tradicional. No entanto, apesar de estes casais serem sensíveis à compra de produtos locais diretamente aos produtores, os baixos rendimentos impedem-nos de considerar a sustentabilidade enquanto critério nas suas decisões de compra.
Já 39% das Famílias Abastadas compram bens alimentares diretamente a produtores locais porque têm os meios e a vontade de realizar um consumo sustentável; e 37% dos casais ouro de meia-idade porque favorecem a qualidade, o que os pode levar a envolverem-se mais em práticas de economia circular.