90 organizações de 34 países, incluindo a Quercus, pediram à Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), da ONU, que abandone os planos de biocombustíveis de aviação e compensações de carbono, enquanto o órgão governamental da ICAO se reúne, desde dia 11 até 29 de junho, em Montreal, Canadá, para finalizar as propostas do controverso “Plano de Compensação e Redução de Carbono”.
No topo da agenda estão as regras propostas para um “Plano de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional” (CORSIA). Em carta aberta, as diversas organizações argumentam que o plano se baseia “na falsa suposição de que as emissões de carbono do setor da aviação podem ser mitigadas por meio da compensação de carbono e dos biocombustíveis”.
“Instamos os membros do Conselho da ICAO a rejeitar o mecanismo CORSIA, baseado nas falsas soluções dos biocombustíveis e no plano de compensações — e que podem até mesmo recompensar diretamente as empresas de combustíveis fósseis — e tomar o objetivo do Acordo Climático de Paris de limitar o aquecimento global para 1,50ºC, o que não pode ser alcançado a menos que o crescimento da aviação seja terminado e revertido”, lê-se na carta aberta.
Segundo as organizações, os planos de biocombustíveis da ICAO ameaçam transformar a indústria da aviação num novo motor do desmatamento, bem como a apropriação de terras e abuso dos direitos humanos, Ao mesmo tempo que não fazem nada para lidar com as crescentes emissões de gases de efeito estufa da aviação, ligadas ao crescimento interminável da indústria.
Para as entidades, “é ainda mais preocupante” que o CORSIA permita que as companhias aéreas alcancem a chamada “neutralidade” através do uso de compensações de carbono. Os planos de compensação de carbono da ICAO foram denunciados por 80 organizações da sociedade civil em 2016.
Em janeiro de 2018, a Virgin Atlantic retirou-se de um projeto de compensação de carbono florestal no Camboja, após elevados níveis de desmatamento e violações de direitos humanos serem revelados no projeto. As emissões da aviação não estavam a ser compensadas.
Existem até propostas para permitir que os combustíveis fósseis sejam classificados como “combustíveis de aviação sustentáveis” e que sejam creditados no CORSIA. Isso poderia significar querosene de refinarias de petróleo, onde calor e energia vêm da queima de madeira, que é falsamente classificada como carbono neutro (o que colocaria ainda mais pressão nas florestas), ou querosene proveniente de poços de petróleo, que exigem menos energia para perfurar que outros ser classificado como sustentável, terminam as organizações.