A Carris Metropolitana é uma marca de operação rodoviária que atua na área metropolitana de Lisboa, onde é responsável pelos serviços intermunicipais e por 15 serviços municipais. Chegando a transportar quase 700 mil passageiros diariamente, esta marca divide-se em quatro áreas (1 a 4), na realização de cerca de 21 mil serviços em dias úteis. Rui Lopo, Administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), conta tudo à Ambiente Magazine.

“Dividimos a área metropolitana de Lisboa em quatro segmentos, dois na margem Norte e dois na margem Sul, e a cada uma dessas áreas corresponde um contrato, ou seja, cada um dos prestadores de serviço opera numa dessas áreas, entrando, pontualmente, na área vizinha”, começa por enquadrar.
Chegando a fazer 90 milhões de quilómetros por ano, esta marca de operação rodoviária, sob a alçada da Transportes Metropolitanos de Lisboa, começou a funcionar em junho de 2022, sendo independente da marca CARRIS (que opera exclusivamente no município lisboeta).
“A Carris Metropolitana é muito capilar na cobertura que faz dos tais três mil quilómetros quadrados da amL”, “não vai com uma frequência extraordinária a todos os cantinhos, mas vai com alguma frequência a todos esses”, evidencia Rui Lopo, acrescentando que, num primeiro momento de funcionamento, a marca aumentou os níveis de serviço em cerca de mais 40% do que as operações anteriores.
E sendo esse um ótimo indicador para a Carris Metropolitana, não se pode negar a contínua exigência de “ajustar e reforçar operação à necessidade das pessoas”, além do acerto de horários, “procurando responder àquilo que são as ofertas que outros operadores de transportes possam ter”. Mas não é um processo tão simples assim, pois os recursos, autocarros e motoristas, não são infinitos. Atualmente, a marca dispõe de aproximadamente 1.700 viaturas e 3.500 motoristas.
Todavia, o trabalho em prol da melhoria do serviço prestado é fortalecido por uma aposta forte na comunicação com as pessoas, através do site, das app’s e dos painéis de informação, de forma a mostrar aos potenciais utilizadores da Carris Metropolitana que “a marca existe e que a operação existe para servir as pessoas”. Além disso, saber gerir um portal de reclamações é outra vantagem para a marca, que pode focar nos problemas trazidos pelos passageiros e resolvê-los, de forma a que se contribua para “tirar as pessoas do transporte individual e para termos uma área metropolitana mais inteligente, do ponto de vista da opção de transportes e de mobilidade”, afirma o administrador da TML.
E para garantir este sucesso, Rui Lopo também não deixa de elogiar os recursos humanos: “acertamos na muche do ponto de vista da equipa, da sua qualificação e formação e do perfil das pessoas, porque gerir uma operação com estas características não se faz apenas com duas ou três pessoas”. “Temos pessoas afetas à margem Norte, outras à margem Sul, e dentro delas pessoas afetas a cada zona de atuação, e são essas pessoas que todos os dias monitorizam a operação”, explica.
“Os transportes rodoviários têm um problema de infraestruturas aqui e em qualquer parte do mundo”
E quando os autocarros não cumprem o horário? Em que lugar fica o serviço prestado pela Carris Metropolitana?
Rui Lopo admite que existe um problema infraestrutural, seja em Lisboa ou em qualquer outra cidade do mundo, pois os autocarros convivem num território que é partilhado como uma coisa chamada carro e com outra chamada pessoas. “Os operadores têm tudo bem calculado do ponto de vista dos horários”, tendo estes um acerto de cerca de 70%, mas há um problema de “grande variabilidade nos padrões de tráfego”, pois fica difícil, essencialmente depois da pandemia Covid-19, de perceber que dias da semana serão mais movimentados nas estradas, podendo tanto ser uma segunda-feira como uma quinta-feira.
Mesmo assim, é importante para a Carris Metropolitana manter o rigor na operação que oferece, principalmente na difusão dos horários em tempo real: “posso ficar com mais tolerância ao atraso de um autocarro se eu tiver essa informação no meu telemóvel”, comenta o administrador.
“A TML é um departamento de sustentabilidade, do ponto de vista daquilo que é as suas práticas e aquilo que é o seu objetivo”
Não tendo neste momento um departamento de sustentabilidade, o objetivo da Transportes Metropolitanos de Lisboa, neste momento, também não passa por aí: “é quase anacrónico termos dentro da TML um departamento de sustentabilidade, pois toda a nossa política tem de ser, gradualmente, no sentido de ter melhores práticas de mobilidade e que essa mobilidade seja mais sustentável”, comenta Rui Lopo, reafirmando o compromisso da empresa e da marca Carris Metropolitana com essa missão.
Além disso, o Caderno de Encargos da Carris Metropolitana obriga a que os operadores tenham pelo menos 5% da sua frota com veículos limpos. À data desta conversa, a marca dispunha de 8% da frota eletrificada, planeando já em 2025 aumentar esta percentagem.
“Nós incentivamos e estamos ao lado deles (operadores) no sentido de trabalhar para terem uma frota elétrica, para criar condições para que concorram a concursos públicos de financiamento para a aquisição de frota elétrica, entre outras coisas”, concluiu Rui Lopo.
*Este artigo foi publicado na edição 109 da Ambiente Magazine