O ministro da Agricultura afirmou ontem, em Benavente, que o Estado está a fazer “o que é possível” para ser “exemplo” na limpeza das florestas, realçando, contudo, as dificuldades colocadas pela “grande dimensão” das áreas sob a sua responsabilidade.
Luís Capoulas Santos, que ontem presidiu, na Companhia das Lezírias, em Samora Correia (concelho de Benavente, distrito de Santarém), à entrega de 42 viaturas a equipas de sapadores florestais do Norte e Centro do país, afirmou que todos os Ministérios que têm áreas florestais sob a sua responsabilidade estão a cumprir as tarefas que lhes são exigidas e que o Governo está empenhado “em levar tão longe quanto possível a prevenção”.
Num balanço do trabalho realizado pelo Ministério da Agricultura, o ministro referiu a limpeza de quase 3.400 quilómetros da chamada rede primária, a gestão de combustível executada em 5.200 hectares de áreas públicas, mais de 3.000 hectares em mosaicos de gestão de combustível, mais de 2.600 quilómetros na rede viária florestal, entre “outros indicadores que traduzem uma atividade que não teve precedente em nenhum momento anterior”.
Na campanha realizada ao longo do último ano foram ainda aprovados 78 projetos “cabras sapadoras”, para intervenção em 5.530 hectares, realizado fogo controlado e queimadas em 2.936 hectares, apoiada a constituição de 83 Zonas de Intervenção Florestal, num total de 643.232 hectares, e de 28 Unidades de Gestão Florestal, segundo dados fornecidos à Lusa pelo gabinete do ministro.
O balanço refere ainda a aprovação de 48 candidaturas ao programa “queima segura” e o envolvimento de uma centena de escolas do ensino secundário na campanha “econtigo.ecomtodos”. “Estamos a fazer mais nestes últimos dois ou três anos do que se fez nos 10 ou 15 precedentes e queremos continuar nos próximos anos com este trabalho”, disse Capoulas Santos, sublinhando a afetação de 160 milhões de euros “só para a prevenção”, pela “primeira vez mais do que aquilo que é alocado ao combate”.
O ministro disse que a cerimónia que ontem decorreu junto à coudelaria da Companhia das Lezírias se inseriu no esforço de “dar mais e melhores instrumentos de trabalho a uma força que se tem vindo a consolidar e que tem um papel fundamental na limpeza da floresta”.
Salientando que os sapadores florestais foram criados há 20 anos, quando liderava o Ministério, Capoulas Santos lamentou os anos de “abandono”, em que, disse, não houve reequipamento nem melhoria do financiamento e das remunerações, para destacar o objetivo de chegar às 500 equipas e 2.500 elementos na missão de limpeza das florestas até ao final do ano.
Das 272 equipas existentes quando o atual Ministério tomou posse, passou-se para as atuais 427, sendo objetivo chegar às 500, salientou o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas. Capoulas Santos afirmou que o trabalho em curso para reforma da floresta é “de uma geração”, referindo como “crucial” a questão do cadastro, à espera de decisão da Assembleia da República desde novembro de 2018.
O ministro declarou que o projeto-piloto realizado em 10 municípios foi “muito positivo”, tendo sido cadastrados, num ano, metade dos mais de 600.000 prédios rústicos identificados, aguardando que o parlamento se pronuncie para que se possa alargar a todo o território nacional e, em quatro anos, “cadastrar todo o país”. “Estou certo de que o parlamento o fará brevemente. Certamente terá tido razões ponderosas para o não ter feito até este momento”, acrescentou.