A situação económica que atravessam os produtores nacionais de cereais levou a CAP (Confederação de Agricultores de Portugal) a reunir o seu Conselho Consultivo setorial, tendo em conta que a área total de cereais decresceu, nos últimos 20 anos, cerca de 350 mil hectares (-56%), 124 mil hectares dos quais nos últimos 10 anos. Só no último ano, a área total de cereais viu-se reduzida em 11 mil hectares (-4%).
“Portugal tem historicamente um grau de autoaprovisionamento baixo em cereais, que é atualmente de cerca de 18%, sendo de 4% no caso do trigo mole e de 25% no caso do milho grão. Em alguns casos, a crescente exposição do nosso país à importação de cereais coloca-nos na dependência de países com elevada instabilidade política e comercial e não contribui para a desejada soberania alimentar da União Europeia, condição sine qua non da sua autonomia estratégica”, afirma a confederação.
Desta forma, apela ao Governo por uma garantia do rendimento e da sustentabilidade económica dos agricultores, de forma a fomentar em todo o território uma diversificação cultural que permita implementar um mosaico variado de produções agrícolas, florestais e agroindustriais.
“Neste contexto, a revisão do atual PEPAC, agora em curso, é a oportunidade para melhorar a distribuição de valores alocados ao pagamento ligado aos cereais, tendo em conta a atual realidade geopolítica a nível mundial”, aponta a CAP.
Além disso, a confederação pede a criação de uma medida que permita fomentar a Agricultura de Precisão e ainda a facilitação do processo de controlo de densidades de certas espécies cinegéticas, como é o caso do javali, que ao destruir inúmeras culturas inviabilizam a agricultura, nomeadamente de cereais.
Por fim, a CAP apela ao reforço das medidas de segurança no mundo rural, com introdução de penas dissuasoras para os responsáveis pelos roubos e destruições que se têm verificado nos últimos anos.