A WWF, através de uma campanha, está a pedir aos portugueses decisões responsáveis quando consomem peixe, nas lojas ou nos restaurantes, exigindo certificações de origem e de sustentabilidade, para permitir a recuperação dos ecossistemas e evitar a degradação da vida marinha.
O novo projeto “Fish Forward – por um consumo responsável de peixe e marisco e um futuro para os oceanos”, que integra onze países europeus e é hoje apresentado em Lisboa, pretende promover escolhas sustentáveis não só dos consumidores, mas também das empresas e dos responsáveis políticos.
“Queremos que este projeto mude a forma como os consumidores consomem peixe, ou seja, no momento da compra ou do consumo no restaurante, pensem que é preciso recuperar as unidades de peixe sob pressão e é preciso pensar na sustentabilidade dos nossos oceanos e nos impactos que as nossas decisões têm em comunidades do outro lado do mundo”, disse hoje à agência Lusa a coordenadora do WWF Portugal. Angela Morgado realçou que, “sem decisões de compra responsáveis e sustentáveis, o consumo de peixe terá um impacto negativo na preservação das populações dos peixes, nos habitats e nas pessoas, nas comunidades, especialmente em países em desenvolvimento”.
A iniciativa vai chegar aos consumidores através dos meios de comunicação, das redes sociais e do site da organização e entre os instrumentos utilizados para informar e alertar está um vídeo chamado “Ugly Fish”, ou “peixe feio”, e um guia de consumo com vários conselhos para alterar comportamentos.
O consumo de peixe tem aumentado nos últimos anos, passando de 9,9 quilogramas em média por pessoa em 1960 para 19,2 quilogramas em 2012, segundo dados avançados pela WWF, o que levou a um crescimento da frota pesqueira.
O último relatório Planeta Vivo, divulgado pela organização em setembro, revelou que as populações de mamíferos marinhos, peixes e aves marinhas registaram uma redução de 50% nos últimos anos e algumas espécies de pescado apresentam mesmo uma diminuição de 75%.
“Portugal é um grande consumidor de pescado, muito dele importado, tal como acontece na Europa que precisa rever essas opções, e o que se pede não é que as pessoas deixem de comer peixe, mas sim que, ao fazerem escolhas responsáveis, possam continuar a comer peixe”, frisou a responsável nacional da organização. Ao contrário, “se fizerem escolhas não responsáveis, estão a pôr em causa o próprio ato de continuar a consumir peixe”, insistiu Angela Morgado.
Os consumidores são aconselhados a reparar nos logótipos visíveis na embalagem do peixe e que indicam sustentabilidade, ou seja, certifica que aquele produto foi obtido de forma a não pôr em causa o equilíbrio da natureza, ou esclarecem a origem, permitindo optar por pescado vindo de uma zona mais próxima e que cumpre as regras de produção, da questão laboral à segurança alimentar.
Se o peixe não apresentar qualquer certificado, o consumidor deve tomar atenção a características como a dimensão ou o local de origem.