A representante do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) em Moçambique disse hoje que as calamidades naturais ameaçam a sustentabilidade do desenvolvimento económico moçambicano e o bem-estar social. “A questão dos desastres naturais tem causado perdas económicas e sociais substanciais, além de limitar a sustentabilidade do desenvolvimento do país”, disse Bettina Maas, enquanto falava em Maputo durante a apresentação do relatório sobre a situação da população mundial em 2015, produzido pela UNFPA.
Moçambique é o terceiro país mais assolado por calamidades naturais no continente africano, uma situação que afeta 80% da população pobre que vive nas zonas rurais, segundo dados apresentados no relatório. “Estes desastres estão a erodir o tecido protetivo familiar”, lamentou Bettina Maas, apontando a descontinuidade dos serviços sociais e a perda de meios de subsistência como as principais consequências das calamidades naturais no país, principalmente nas zonas rurais, as mais afetadas e onde vive a maior parte da população moçambicana.
Só nos últimos dez anos, de acordo com dados oficiais, o país sofreu doze secas e 24 cheias, fenómenos que em média causam o prejuízo correspondente a 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) anualmente. No início de 2015, as cheias que afetaram o centro e norte de Moçambique causaram a perda de 72 mil hectares de área cultivável, contribuindo para uma revisão em baixa da previsão do crescimento da economia para 7% contra os 7,5% inicialmente projetados pelo Governo. Os dois períodos de cheia que marcaram o ano de 2015 afetaram 400 mil pessoas em todo país, condicionando o rendimento de cerca de 85 mil famílias, de acordo com informações oficiais.
“Esta situação expõe as pessoas mais vulneráveis no país, particularmente, jovens e mulheres”, salientou Bettina Maas, tal como outras 26 milhões em situação de emergência devido aos desastres naturais em todo o mundo.