Bruxelas divulgou, este mês, os “Dirty 30”, os “30 Mais Poluentes”, correspondendo aos 30 modelos de veículos a gasóleo abrangidos pela norma “Euro 6” numa lista em que todos ultrapassam os valores de emissão de óxido de azoto (NOx) permitidos por esta norma. A listagem foi divulgada pela Federação Europeia dos Transportes e Ambiente.
Os veículos identificados utilizam ainda estratégias que diminuem ou desligam os sistemas de controlo de poluição em circunstâncias fora das regulamentadas na UE como, por exemplo, a realização de testes a temperaturas notavelmente inferiores, com o motor quente e em percursos de mais de 20 minutos.
Apesar de todas estas evidências, estes modelos mais poluentes foram homologados para venda em toda a Europa pelas autoridades nacionais dos países de origem das respetivas marcas, incluindo Reino Unido, Alemanha, França, Holanda, Luxemburgo, Espanha e Itália.
Segundo a Quercus, à exceção de um modelo (Renault Kadjar), os restantes elementos da lista “Dirty 30” estão também a ser comercializados no mercado português.
As autoridades de homologação responsáveis recusaram-se a tomar qualquer ação para responsabilizar os fabricantes em causa, apontando as culpas a Bruxelas por definições legais “vagas”.
Na opinião das associações de defesa de ambiente, e que a Quercus afirma subscrever, os fabricantes de automóveis estão a optar por “jogar em casa” com um árbitro tendencioso, que garante o seu acesso ao mercado, ainda que os seus modelos continuem a emitir poluentes com impactes na qualidade do ar e na saúde humana, especialmente em meio urbano.
Alguns exemplos concretos:
– No Reino Unido, a VCA (autoridade de homologação) aprovou para venda nove dos veículos incluídos na lista dos 30 mais poluentes, incluindo um Jaguar, um Range Rover e três modelos Nissan, Toyota e Honda construídos no país.
– Na Alemanha, a KBA aprovou sete modelos de veículos: três Mercedes, dois Volkswagen, um Opel e um Skoda, pertencentes ao grupo alemão VW.
– A França deu luz verde para outros sete modelos, todos de marcas francesas: quatro modelos Renault, um modelo Peugeot, um modelo Citroën e um modelo Dacia, pertencente à Renault.
– A Itália aprovou o Fiat 500X (na foto), que está no centro de uma recente disputa entre as autoridades alemãs e italianas sobre fraude de emissões.