Britânicos fazem donativo à SPEA contra exploração de petróleo no Algarve
Um grupo de turistas britânicos da empresa Honeyguide Wildlife Holidays doou cerca de 550 euros à Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) para apoiar a Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP) contra a exploração desta substância na região. O montante serviu para custear parte dos custos legais do processo que decorre no Tribunal de Loulé.
A SPEA e a PALP assumem estar preocupadas pelo facto da área destinada à exploração de petróleo em alto mar, a cerca de 46,5 quilómetros, ao largo de Aljezur, ser adjacente à Zona de Proteção Especial Costa Sudoeste. “Existe nessa área uma elevada concentração de boto Phocoena phocoena e roaz Tursiops truncatus. Os Cetáceos são conhecidos por serem altamente sensíveis ao ruído no mar, por exemplo resultante da perfuração, dado que esta atividade interfere com a sua forma de comunicação e orientação, a eco-localização”, afirma a SPEA em comunicado.
Além disso, prossegue a organização, “há uma rota migratória que atravessa esta área, importante para a pardela-balear Puffinus mauretanicus, espécie ameaçada de extinção, e para o alcatraz Morus bassanus”. “Muitos dos alcatrazes que usam esta rota provavelmente nidificam no Reino Unido, o que aumenta a relevância da cooperação e apoio entre diferentes países”, acrescenta.
Ambas asseguram que este processo não foi sujeito a avaliação de impacto ambiental nem a consulta pública. Salientam ainda que, “insistir na dependência de combustíveis fósseis é dar um passo atrás, numa altura em que o investimento tem de ser dirigido ao aumento do uso de fontes de energia mais sustentáveis, tais como a energia solar”.
Citado em comunicado, Domingos Leitão, diretor executivo da SPEA afirma que “os riscos de um derrame acidental são óbvios e extremamente preocupantes, tanto para a vida selvagem no mar como para a costa algarvia, para as pessoas e para as empresas turísticas que dependem dos tesouros naturais desta costa”. “Este apoio internacional também nos relembra que a vida selvagem não reconhece fronteiras de países, o que é particularmente verdade no caso do precioso ambiente marinho”, sublinha.
Já o da Honeyguide, Chris Durdin, garantiu que todas as expedições da Honeyguide geram um donativo para fins de conservação da natureza, incluído no preço da viagem. “Nós contribuímos sempre para a proteção da vida selvagem que vimos apreciar em Portugal e estabelecemos uma parceria de longa duração com a SPEA neste país”.