Em Idanha-a-Nova existiu uma floresta dominada por Azinheiras e Sobreiros que, por diversos motivos, se viu reduzida a pequenas “bolsas” localizadas. Com o objetivo de recuperar as espécies autóctones e aumentar a biodiversidade, fundamentais para a fauna típica da região, a organização do Boom Festival tem vindo a promover a reflorestação da Herdade da Granja. Trata-se de mais um projeto integrado no programa de sustentabilidade de um dos festivais mais premiados em todo o mundo pela sua política verde.
Na 11ª edição, que se realiza durante a lua cheia de agosto, entre 11 e 18, em Idanha-a-Nova, o programa ambiental do Boom apresenta mais novidades. Além da reflorestação de parte dos 150 hectares da Herdade da Granja, na margem da barragem Marechal Carmona, seguindo um plano de gestão florestal de acordo com a legislação vigente já foram plantadas cerca de 450 árvores (num plano ambicioso que irá acontecer anualmente e contempla milhares de árvores nos anos vindouros) de espécies autóctones como Azinheiras, Sobreiros, Medronheiros, Salgueiros Cinzentos ou Freixos.
O festival terá ainda uma Bike Village, uma iniciativa que visa apoiar todos os boomers que se deslocam de bicicleta. “Será mais do que uma simples oficina, integrando iniciativas para promover o uso deste meio de transporte alternativo e não poluente”. Além disso, “esta edição apresentará melhores condições de mobilidade para ciclistas”, adianta Artur Mendes, e “continuamos a receber confirmações de Boomers que se estão a deslocar de vários pontos da Europa de bicicleta”. Existe inclusivé um microsite para apoio e uma pessoa dedicada exclusivamente a apoio a ciclistas, que efectuou a viagem de Grenoble para o Boom 2016.
Uma das novidades em 2016 é a utilização de cartão para algumas estruturas do festival. Inspirado no arquiteto japonês Shigeru Ban, este projeto irá contemplar a construção de fachadas, stands, mobiliário e decoração numa inovação ao nível de festivais ao ar livre. “Queremos continuar a lançar mensagens ecológicas a cada edição. Temos usado superadobe, fardos palha, bambú, madeira vinda de fontes certificadas, entre outros, desta feita escolhemos o cartão”, refere Artur Mendes. “É um material abundante em todas as casas, bastante democrático, com cortes a laser e software as possibilidades de o usar para habitação são enormes e vamos apresenta-lo este ano”.
O recurso a materiais naturais como fardos de palha (em 2014, foram usados 90), terra, raízes, madeira, bamboo, cana, adobe e pedra na construção do Boom permitem, entre outros aspetos, reduzir consideravelmente a necessidade de energia usada no fabrico e no transporte de materiais industrializados.
Em 2014, foram ainda produzidas 44 toneladas de lixo orgânico que, enviadas para uma unidade de compostagem, resultaram em cerca de nove toneladas de fertilizante para usar nos jardins da Herdade da Granja.
De realçar ainda que as estações de painéis solares do Boom produziram, em 2014, 50 mil watts de energia por dia, os quais permitiram abastecer toda a área de trabalho do pessoal do Boom.
Para terminar, o Boom irá lançar uma iniciativa pioneira. Sob o auspício de criar um espaço de encontro, diálogo e partilha com entidades de todo o mundo que laboram para a transição, o festival abre dois novos espaços: no NGO Django, virão organizações não-governamentais com áreas de intervenção que vão desde o ambiente, educação ou saúde; no Eco Tech Hub, foram convidadas start ups, empresas e associações que criaram tecnologias ambientais de baixo custo que assim terão uma oportunidade de se promover para um público mundial (cerca de 85% dos visitantes do Boom são do estrangeiro).