Bombeiros profissionais criticam mudanças a “meio da época” na Proteção Civil
O presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais (ANBP), Fernando Curto, criticou hoje a mudança “a meio da época” do comandante da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) e a escolha de um militar para o lugar.
Em declarações à Lusa, Fernando Curto considerou que a alteração “a meio da época”, numa fase de preparação para os períodos críticos de incêndios, indica que “algo não está bem”, sobretudo quando António Paixão, que se demitiu na segunda-feira alegando razões pessoais, foi nomeado para o cargo há apenas cerca de cinco meses.
Fernando Curto referiu que “os bombeiros vão continuar a fazer o seu trabalho de bombeiros”, mas manifestou-se preocupado, porque existe um dispositivo de combate a incêndios, com um comandante nomeado há pouco tempo, e o seu sucessor terá de iniciar rapidamente funções, em vésperas do período mais perigoso de fogos florestais: “A esta altura, não se pode dar ao luxo destas mudanças”.
O dirigente da ANBP receia que, “quer em termos de bombeiros como de carreiras”, o Governo, com a nomeação do coronel Duarte da Costa, conhecida na segunda-feira, “militarize os bombeiros”, lamentando que as reivindicações da sua associação “não tenham sido ouvidas”. “Os bombeiros querem ter um papel fundamental e querem um comandante dos bombeiros [que seja] dos bombeiros, e não dos militares”, reforçou.
Fernando Curto duvida que a demissão do comandante da ANPC tenha sido motivada por razões pessoais e prefere acreditar em razões “técnico-operacionais e estratégicas”, porque a nova temporada de incêndios, alertou, “está a ser preparada de forma desajustada”.
Enquanto bombeiro há 30 anos e representante de uma força de socorro que colabora com a ANPC, disse ainda ter “o direito a saber por que se demitiu” o comandante da ANPC.
O coronel José Manuel Duarte da Costa foi designado ontem pelo secretário de Estado da Proteção Civil para exercer as funções de comandante operacional da ANPC, substituindo no cargo o coronel António Paixão. Segundo um comunicado do Ministério da Administração Interna, o coronel António Francisco Carvalho da Paixão “pediu a exoneração do cargo por motivos pessoais”.
“O secretário de estado da Proteção Civil, José Artur Neves, designou o coronel tirocinado José Manuel Duarte da Costa para exercer as funções de Comandante Operacional Nacional do Comando Nacional de Operações de Socorro da Autoridade Nacional de Proteção Civil, sob proposta do presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil, tenente-general Carlos Mourato Nunes”, refere o documento.