O Bloco de Esquerda denunciou a existência de um ponto de descarga de esgoto diretamente para o rio Tejo, no bairro ribeirinho de Alfange, em Santarém, responsabilizando o município pelo que considera ser “um atentado ambiental”, refere a Lusa.
Numa conferência de imprensa dada junto ao local onde escorre ininterruptamente água, que a população se queixa de provocar maus cheiros constantes, Francisco Cordeiro, eleito do BE na Assembleia Municipal de Santarém, e o ativista pelo rio Tejo Armindo Silveira, ambos da coordenadora distrital do Bloco, consideraram “inadmissível” que, sendo do conhecimento do município, a situação se arraste.
“É uma situação grave, inadmissível”, disse Armindo Silveira, lembrando que Santarém acolheu em março uma Assembleia Municipal extraordinária sobre o Tejo, que contou com a presença do ministro do Ambiente e de um conjunto vasto de entidades, “e depois, entre muros, acontece uma situação destas e não há capacidade para resolver”.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Santarém e do Conselho de Administração da Águas de Santarém (AS), Ricardo Gonçalves, remeteu para a administradora executiva da empresa, Teresa Ferreira, que reconheceu serem ocasionalmente detetados pontos de descarga “de origens não identificadas”, geralmente a partir de construções “muito antigas que têm redes unitárias (juntando águas pluviais e esgotos) e não separativas”.
Sublinhando que quando a empresa foi constituída não existia cadastro de toda a rede, Teresa Ferreira afirmou que as situações como a que hoje foi mostrada pelo BE em Alfange vão sendo identificadas, com a preocupação de ir resolvendo sempre que há possibilidade de investimento próprio, já que não existem fundos comunitários para este fim.
Segundo a administradora da AS, a empresa investiu “cerca de 50 milhões de euros nos últimos quatro, cinco anos” em saneamento, revelando a “grande preocupação” em assegurar que as descargas para o Tejo se encontram dentro dos parâmetros, como atestam as análises que são feitas regularmente.
Francisco Cordeiro lamentou que desde que a situação foi denunciada publicamente na sessão ordinária da Assembleia Municipal de Santarém de fevereiro, e reafirmada na extraordinária de março sobre o Tejo, nada tenha sido feito.
“Arrasta-se há imenso tempo. O senhor presidente da Câmara tem conhecimento e devia tomar a iniciativa para resolver”, disse.
Para Armindo Silveira, “não basta dizer que houve uma cobertura de quase 90% de saneamento básico do concelho, porque muitas vezes faz-se a ligação, mas depois falta o principal”, ou seja, o tratamento dos efluentes.
“Não sei se este será um caso destes, em que estão feitas as ligações numa parte da cidade, mas, de facto, aqui, pode-se ver – o caudal ainda é volumoso -, está a ir diretamente para o rio Tejo. Isto é inadmissível quando o rio Tejo tem sofrido imensos atentados ambientais”, declarou.