Comemora-se esta sexta-feira, dia 26 de novembro, o Dia Sem Compras, criado à escala mundial por oposição ao Black Friday. O objetivo deste dia é alertar para os excessos de consumo que levam ao desperdício e ao fomento do descartável, estando na base de uma economia assente no crescimento ilimitado da utilização de recursos naturais que não existirão num futuro próximo.
Para assinalar este dia, a associação ZERO apela a atenção dos cidadãos e dos poderes públicos para a necessidade de se “repensar o modelo de produção e consumo”, dado o impacto que este está a ter na capacidade do planeta para proporcionar qualidade de vida.
“Dado que tudo o que compramos e usamos tem sempre impacto ambiental (quer na fase de produção, quer na fase de uso e de fim de vida), quanto mais comprarmos, maior será o nosso impacte no ambiente, onde, entre outros consequências, estaremos a contribuir para agudizar o problema das alterações climáticas”, alerta a associação, num comunicado.
Citando alguns estudos realizados no âmbito da campanha Cool Products, a ZERO refere que os mesmos demonstram que “a extensão do tempo de vida por apenas mais um ano dos smartphones que existem na União Europeia permitiria evitar a emissão de 2,1 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa (GEE) por ano, em 2030, o que equivale a retirar da estrada cerca de 1 milhão de veículos”. Também, a “extensão do uso por mais um ano dos portáteis existentes é equivalente a retirar da estrada cerca de 870 mil automóveis”. Já no caso das “máquinas de lavar roupa”, o estudo indica que seriam poupanças equivalentes a retirar “130 mil carros da estrada por ano”, em 2030. Segundo a ZERO, neste estudo apenas se teve em linha de conta os aspetos ligados às emissões de GEE: “Os benefícios serão ainda muito maiores se entrarmos em linha de conta com todos os recursos que deixam de ser explorados para responder à procura por novos equipamentos”, atenta.
No mesmo comunicado, a associação faz “seis apelos” para o dia sem compras:
- Pensar muito bem antes de fazer qualquer compra e resistir às promoções. Um produto não se torna necessário porque está em promoção, por muito tentadora que esta seja. Refletir muito bem de forma consciente e responsável é o primeiro passo.
- Se tem mesmo de comprar alguma coisa, deve preferir a aquisição em segunda mão. Existem cada vez mais alternativas para comprar produtos em segunda mão e algumas plataformas de venda de produtos em segunda mão também estão a fazer campanhas de desconto, com o intuito de aumentar a atratividade deste novo estilo de vida.
- Se tem mesmo de adquirir novo, então procure produtos que tenham certificações – por exemplo o rótulo ecológico europeu – que lhe garantam que foram produzidos procurando reduzir os impactos em diferentes dimensões da sustentabilidade.
- Adquirir produtos locais, menos complexos (que não misturem diferentes materiais) e que sejam duráveis e reutilizáveis, são também bons conselhos.
- Adquirir e oferecer experiências em alternativa e “coisas” (caso esteja a pensar usar a black friday para comprar prendas): a visita a um museu, bilhetes para o teatro, uma experiência na natureza, o apoio a uma causa. Existem múltiplas possibilidades.
- Optar por reparar os seus equipamentos elétricos e eletrónicos e procurar usá-los durante mais tempo; por exemplo, por cada 3 meses de utilização extra de um smartphone pode reduzir o consumo de recursos em mais de 10% ao ano.