A empresa de trotinetas elétricas BIRD promoveu a mobilidade sustentável com uma ação na Quinta Pedagógica dos Olivais, em Lisboa. A iniciativa contou com a participação da Câmara Municipal de Lisboa (CML), da PSP e das Juntas de Freguesia dos Olivais e de Marvila.
Foi a subcomissária da PSP, Cátia Moura, quem começou por referir que as trotinetas são uma “nova solução de mobilidade”. No entanto, são inúmeras as questões que se levantam, como a “falta de conhecimento na regulação”. Desde o início do ano, “já foram contabilizados 30 acidentes envolvendo trotinetas. Os utilizadores têm de ter a consciência de que estão a conduzir um transporte” e que existem leis a cumprir. Cabe à PSP “regular” e “educar” este setor, juntamente com as autoridades e parceiros, refere a agente.
Há dois meses em Lisboa, a Bird surge com uma experiência acumulada de dois anos no mercado (foi criada em 2017). Graças a essa experiência, Haya Douidri, representante da Bird em Portugal, explicou que tem sido possível fazer vários estudos que comprovam que a trotineta é uma solução de mobilidade “real, sustentável e amiga do ambiente”. A título de exemplo, em Paris, mais de “70% dos utilizadores são pessoas locais” que usam a solução para percursos pendulares entre as “8 h e as 9h e as 17h e 19h”.
A empresa tem desenvolvido várias parcerias com entidades municipais. Na capital portuguesa, a responsável destaca o papel exemplar da CML no que toca ao estacionamento e à segurança rodoviária, tendo disponibilizado “2% de todos os estacionamentos de veículos para trotinetas”. E estão a ser realizados estudos para encontrar uma forma de “educar” os utilizadores. Para Haya Douidri, este “veículo” é o futuro.
Lisboa: aposta forte em ecossistemas de mobilidade
O surgimento de operadores, como a Bird, em Lisboa vem “colmatar” as metas com que Portugal está comprometido nos acordos de Paris. A capital portuguesa “está na linha da frente”, afirma Pedro Machado, assessor do vereador da Mobilidade da CML, mas é preciso uma “revolução” a vários níveis. O objetivo é que, em 2030, “dois terços das deslocações (citadinas) sejam feitas em transporte alternativo ao individual motorizado”. Para isso, Lisboa tem “apostado fortemente em ecossistemas de mobilidade mais diversificados” como complemento ao transporte público. Atualmente, operam em Lisboa 19 empresas de transportes partilhados e a “esmagadora” maioria destes veículos são “elétricos”, contribuindo assim para as metas de descarbonização.
Quanto à “mobilidade sustentável”, há ainda questões a melhorar como o “estacionamento” e o “ordenamento do espaço”, diz Pedro Machado. Há “esforço” para “aumentar o número de lugares”, sendo que a cidade conta atualmente com 600 hotspots. Mas o objetivo é “ter um lugar de estacionamento para trotinetas em cada frente de quarteirão”. Para isso, a CML e a EMEL estão a realizar empreitadas para “aumentar para 1500 lugares”.
Mobilidade sustentável em contexto residencial
A Junta de Freguesia dos Olivais elogia a Bird pela sua filosofia de “alargar a mobilidade partilhada a toda a cidade como um todo”. Para o vogal da área da sustentabilidade Duarte Carreira é importante que se “extinga definitivamente” a ideia de uma mobilidade diferente no centro da cidade e a que pode existir nas freguesias. A autarquia assegura que o desafio passa “por diminuir o número de carros”, sendo fundamental a “substituição de viaturas próprias por outras soluções”.
Por seu lado, João Santos, engenheiro e representante da freguesia de Marvila, sublinha que o tema “mobilidade sustentável” vai sofrer uma grande alteração nos próximos 20 anos. E considera que o tema deve ser direcionado às Instituições de Ensino, havendo “necessidade de investir neste sentido” até porque a “transformação” nos meios de mobilidade advém do que se “incute primeiramente nos jovens”.