BCG: 70% dos consumidores admite sentir desconfiança em relação a reivindicações e compromissos de sustentabilidade empresarial
Os consumidores preocupam-se com o clima e a sustentabilidade e querem contribuir ativamente. Mas, só 20% acreditam que podem ter realmente um impacto e 70% admite sentir desconfiança em relação a reivindicações e compromissos de sustentabilidade empresarial. Estas são algumas das conclusões do relatório publicado pela Boston Consulting Group (BCG). Intitulado “Consumers Are the Key to Taking Green Mainstream” o relatório confirma que, apesar de os compromissos empresariais com clima e sustentabilidade estarem a crescer em número e âmbito, é necessária uma maior ação dos consumidores para alcançar os objetivos coletivos de sustentabilidade. O documento mostra ainda como acelerar a adoção de produtos, serviços e comportamentos sustentáveis por parte dos consumidores.
O relatório, baseado num inquérito a 19 mil consumidores nos EUA, Japão, Alemanha, França, Itália, China, Índia e Brasil, constata que apesar de 80% dos consumidores afirmem estar preocupados com a sustentabilidade, apenas 1% a 7% pagariam mais por compras sustentáveis.
“É fácil interpretar estes sinais como uma falta de prontidão dos consumidores, mas as empresas nunca irão maximizar o potencial dos produtos e serviços sustentáveis se se concentrarem apenas nos consumidores que estão dispostos a pagar mais”, declara Aparna Bharadwaj, Managing Director e Partner da BCG, diretor global do Centro de Informação ao Cliente da BCG, e coautor do relatório, destacando que “há um número significativo de consumidores que estão no limiar de escolher produtos e serviços sustentáveis. A questão-chave é: “Como os encorajamos a agir?”.”
As melhores oportunidades para as empresas encontram-se nas categorias de produtos e serviços examinadas no relatório que apresentam “maior adoção de comportamentos sustentáveis” por parte dos consumidores. Por exemplo, “em produtos domésticos ~60% dos consumidores afirmam já adotar comportamentos como reciclagem de produtos, garrafas e embalagens (36%), utilização de panos de limpeza reutilizáveis (35%), e compra de produtos de limpeza recarregáveis (29%)”, indica o estudo.
Em automóveis, o estudo aponta que “39% dos consumidores afirmaram conduzir apenas quando estritamente necessário (38%) ou partilhar o carro (14%)”.
A percentagem de adoção de comportamentos sustentáveis varia também de acordo com o mercado. A maior preocupação com sustentabilidade é do consumidor chinês (93% dos inquiridos) derivado de categorias como cuidados domésticos, automóveis, retalho, vestuário e produtos de cuidado da pele. O consumidor brasileiro surge em segundo lugar (89%) devido às categorias de cuidados domésticos, automóveis e eletrónica.
O relatório da BCG partilha três conselhos para as empresas conseguirem impulsionar a adoção de estilos de vida sustentáveis nos consumidores:
- Fazer compromissos localmente relevantes: As empresas devem dirigirse consumidores e não à sua equipa comercial, reguladores ou investidores. Por exemplo, packaging preocupa particularmente os consumidores japoneses e americanos, pelo que são mais propensos a favorecer produtos que são recicláveis, reutilizáveis ou compostáveis.
- Alargar o alvo: Apenas 7% a 16% dos consumidores citaram a sustentabilidade como uma das suas três principais razões para comprar. No entanto, 20% a 43% poderiam ser persuadidos a fazer escolhas sustentáveis se os produtos ou serviços satisfizessem outras necessidades. A comunicação de um conjunto mais amplo de benefícios para produtos sustentáveis, como a saúde ou a qualidade do produto, poderia duplicar ou quadruplicar o número de consumidores adquiridos.
- Quebrar as barreiras: As empresas devem compreender as razões para consumidores hesitarem adotar produtos ou serviços sustentáveis. Depois têm de inovar para remover as barreiras reais ou utilizar uma comunicação eficaz a abordar os obstáculos percecionados. O preço, por exemplo, pode ser um fator verdadeiramente impactante na decisão dos consumidores. Contudo, o estudo da BCG mostra que os consumidores que não compram produtos sustentáveis percecionam o seu “valor verde” como sendo mais elevado do que o respetivo valor real. Os consumidores indecisos devido a custo necessitam de ver um breakdown claro do preço para combater a má perceção.
“Ao compreender as principais necessidades dos consumidores, e ao remover barreiras reais ou percebidas através da inovação e comunicação, as empresas podem aumentar significativamente os resultados sustentáveis”, destaca Lauren Taylor, Managing Director e Partner da BCG e coautora também do relatório, destacando que “tornar o atributo da sustentabilidade um ‘e’ não um ‘ou’ será um ganho para todos”.