Bangladesh, Paquistão e Índia apresentam a pior qualidade do ar a nível global
Um novo relatório da IQAir, que monitoriza a qualidade do ar em todo o mundo, aponta três países do Sul da Ásia – Bangladesh, Paquistão e Índia – como aqueles que apresentam a pior qualidade do ar a nível global. De acordo com o estudo, a qualidade do ar no Sul da Ásia é particularmente preocupante, com 29 das 30 cidades mais poluídas do mundo a situarem-se nestes três territórios.
Em 2023, a qualidade média do ar no Bangladesh ultrapassou cerca de 16 vezes as recomendações de segurança da Organização Mundial de Saúde (OMS) tornando-se no país com a pior qualidade do ar a nível mundial. O Paquistão e a Índia não tiveram resultados muito diferentes, com a Índia a deter nove das 10 cidades mais poluídas. Por sua vez, também muitas cidades do Nepal foram destacadas negativamente neste estudo da IQAir. O relatório salientou ainda a falta de estações de monitorização da qualidade do ar em países da África, da América do Sul e do Médio Oriente.
As alterações climáticas e a qualidade do ar estão ligadas de forma indissociável, uma vez que os mesmos poluentes que provocam as alterações climáticas também prejudicam a qualidade do ar – pondo em risco os direitos das pessoas à vida e à saúde, bem como o direito a um ambiente limpo, saudável e sustentável. Os impactos da poluição atmosférica são ainda agravados por um clima mais quente.
O novo relatório “Estado do Clima Global” da Organização Meteorológica Mundial emitiu um “alerta vermelho” ao confirmar que 2023 foi o ano mais quente de que há registo. Em reação ao “alerta vermelho” emitido pela Organização Meteorológica Mundial para os indicadores do aquecimento global, Ann Harrison, conselheira para o clima da Amnistia Internacional, afirma: “o alerta vermelho climático, para além da exposição prolongada a uma qualidade do ar tóxica em muitas zonas do Sul da Ásia, demonstra o perigo que a aceleração do caos climático representa para a vida e a saúde de mais de mil milhões de pessoas. Tem faltado uma ação concertada, tanto por parte dos países afetados como dos produtores de combustíveis fósseis de elevado rendimento. Estes últimos planeiam expandir a produção para resolver este problema, que é em grande parte impulsionado pela própria queima de combustíveis fósseis”.
“Reiteramos os nossos apelos aos países afetados do Sul da Ásia para que criem e implementem urgentemente um plano de ação para a poluição transfronteiriça. Por outro lado, à comunidade internacional (em especial aos emissores históricos com maior responsabilidade pelas alterações climáticas e a outros em posição de o fazer, incluindo os Estados produtores de combustíveis fósseis de elevado rendimento) instamos a que disponibilizem financiamento adequado para ajudar os países a adaptarem-se às alterações climáticas, bem como para assegurar, este ano, a operacionalização e capitalização do Fundo de Perdas e Danos”, detalha Ann Harrison. “Isto é essencial para ajudar a salvaguardar a saúde pública e os direitos humanos nos países que já estão a sofrer os danos causados pelas alterações climáticas e que deverão agravar-se. A necessidade de uma eliminação total, rápida, justa e financiada dos combustíveis fósseis, acompanhada de uma transição para as energias renováveis justa, equitativa e compatível com os direitos humanos para todos, não pode ser mais adiada”, remata a responsável.