A Plataforma Europeia do Património selecionou o Bairro C, em Guimarães, como uma das 10 práticas locais inovadoras em cidades de toda a Europa. Este anúncio, que surge após uma fase aberta de candidaturas – que contou com 40 participações de 33 cidades e regiões europeias –, destaca o Bairro C como prática local exemplar no domínio do património cultural, contribuindo também para a transformação ecológica, digital e social da sociedade. Os critérios de seleção avaliaram o alinhamento das práticas apresentadas com os temas transversais ao projeto da plataforma, dando especial atenção ao conceito de tripla transformação e ao caráter inovador das iniciativas. Além disso, o comité de seleção assegurou uma representação equilibrada dos temas e dos locais.
Esta iniciativa servirá de base para futuras atividades de desenvolvimento de capacidades da Plataforma Europeia do Património, a começar já este ano, com a realização de visitas de aprendizagem entre pares, cada uma aberta a 20 participantes, em duas cidades selecionadas entre os 10 vencedores. Em 2025, será organizada uma terceira visita à região do Cáucaso. Cada uma das práticas selecionadas será também apresentada individualmente e em detalhe numa série de artigos que a entidade europeia irá publicar nos próximos meses. Uma variedade de estudos de casos, para além dos 10 selecionados, será ainda apresentada em quatro webinars temáticos.
Sobre o Bairro C
O projeto-piloto Bairro C, situado entre a zona de Couros, Caldeiroa e Avenida Conde Margaride, em Guimarães, é uma das várias iniciativas desenvolvidas pelo município para uma abordagem integrada nos domínios da energia, mobilidade, resíduos e uso do solo, alavancando a mudança comportamental, inovação social, cultura, política, tecnologias verdes, finanças sustentáveis e novos modelos de negócio. A peça-chave do projeto é um Pacto do Cidadão para a neutralidade climática e processos de cocriação, tornando assim possível a atuação no combate às emissões em todos os seus domínios.
O projeto promove, assim, um forte envolvimento dos cidadãos e a descarbonização através, entre outros, da promoção da utilização dos transportes públicos, da eficiência energética e da produção local de energia renovável, nomeadamente em edifícios históricos e de estratégias de economia circular. As ações envolvem diversas entidades, nomeadamente universidades, associações e organizações culturais e artísticas, bem como empresas que apostam num forte envolvimento cívico. As atividades promovidas abordam desafios transversais em matéria de governação e política, finanças e capacidade de mudança de comportamentos, que estão relacionados com padrões culturais individuais e institucionais que são difíceis de quebrar/mudar na cidade.
Além do Bairro C, refira-se que, nas últimas décadas, Guimarães tem vindo a desenvolver um conjunto de projetos estratégicos, de médio e longo prazo, capazes de potenciar processos de regeneração urbana, valorização do património histórico edificado e potenciação do tecido de indústrias criativas, através de programação e criação contemporânea. A inclusão do Centro Histórico de Guimarães na Lista indicativa do Património Cultural da UNESCO, em 2001, e a Capital Europeia da Cultura, em 2012, são os maiores marcos desta estratégia delineada há mais de 30 anos.
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