B+ Summit: “Aproveitarmos mais resíduos, para produzirmos mais combustíveis verdes”
O B+ Summit reúne, entre os dias 26 e 28 de abril, personalidades nacionais e internacionais para discutirem as temáticas relacionadas com os combustíveis verdes e o contributo deles para a descarbonização da mobilidade pesada. Emanuel Proença, presidente da Associação de Bioenergia Avançada (ABA) deu o pontapé de partida na primeira edição desta cimeira, que decorre no Centro de Congresso do Estoril, em Cascais.
“A mobilidade pesada tem um desafio particular de descarbonização mais complexo do que alguns outros setores da mobilidade”, começou Emanuel Proença, sublinhando a “urgência” de encontrar respostas para uma indústria que “continua a ser responsável por grande parte da pegada carbónica na nossa economia”.
O presidente da ABA afirmou que este processo “é difícil”, mas que “há soluções”. Uma delas é a substituição dos combustíveis fósseis por combustíveis verdes. No entanto, estes parecem ter “dificuldade em afirmar-se como uma das soluções para que se faça esse caminho de forma adequada”, reconheceu Emanuel Proença.
Discutir esta via de descarbonização é, assim, fundamental. Foi com base nessa premissa que Emanuel Proença apresentou alguns números que ajudam a esclarecer a importância dos combustíveis verdes. Desde logo, o facto de a frota rodoviária nacional equivaler a 100 mil milhões de euros. “É muito valor acrescentado”, para o presidente da ABA, que vê um grande objetivo de trabalhar “essa fonte de riqueza” no sentido de assegurar “mais economia e mais futuro”.
Ao mesmo tempo, 80% da mobilidade rodoviária portuguesa é movida a diesel e 60% da energia para a mobilidade rodoviária nacional alimenta veículos pesados, de passageiros e de mercadorias. Estes dados mostram, segundo Emanuel Proença, que “não há descarbonização se não houver descarbonização do diesel”, sendo, portanto, essencial o debate sobre “todas as formas de diesel verde”.
Não só as alternativas de origem biológica, como o B7 – a norma europeia em vigor, que exige a incorporação de 7% de biocombustível no diesel tradicional –, mas também outras alternativas renováveis e sintéticas de origem não fóssil, que poderão ajudar a descarbonizar a mobilidade rodoviária pesada “o mais rápido possível”.
E porque uma das principais fontes dos biocombustíveis são resíduos, Emanuel Proença apontou ainda os seis milhões de toneladas de resíduos produzidos todos os anos, em Portugal, “que são altamente densos do ponto de vista energético e altamente aproveitáveis para produzir mais energia”.
“Há uma oportunidade enorme de aproveitarmos mais resíduos, para produzirmos mais combustíveis verdes, para evitarmos mais importações de petróleo, para fazermos mais valor acrescentado.”
Dar novos proveitos a estes materiais é, para o presidente da ABA, “uma oportunidade muito grande para o país” transitar de uma economia linear para a economia circular. Aliás, segundo o responsável, a produção de biodiesel a partir de recursos aproveitados e recuperados no mercado português pode mesmo “chegar aos 95% de valor acrescentado bruto para o país”.
“A oportunidade industrial, a oportunidade do negócio, a oportunidade do desenvolvimento do país é enorme se abraçarmos combustíveis verdes e os aproveitarmos, e os produzirmos mais a partir de resíduos”, afirmou Emanuel Proença. O presidente da ABA considerou que Portugal é um pioneira, a nível europeu, “no aproveitamento de resíduos oleosos para a produção de combustíveis verdes”. “Mesmo assim só recuperamos cerca de 25 a 30% dos óleos alimentares usados que o país coloca no sistema”, contrapôs.
“Se conseguirmos trabalhar bem isto – empresas, associações e entidades do setor público – conseguiremos fazer um país melhor com mobilidade melhor e com resultados muito melhores para a economia”, concluiu o presidente da ABA, atestando assim à importância de reunir todos os intervenientes do setor da mobilidade no B+ Summit.
Por: Redação da Ambiente Magazine, no B+ Summit.