Aveleda recebe certificação BCorp que é “uma validação das (muitas) práticas sustentáveis que temos”
Com certeza o nome Aveleda remete-lhe para vinhos com mais de 150 anos de história. Pois, saiba que está certo! Este grupo, gerido já por cinco gerações da família Guedes, dedica-se a este negócio da forma mais sustentável possível, tendo sido agora reconhecido com a certificação BCorp – normalmente atribuída a empresas que cumpram elevados padrões de desempenho ambiental e social.
Martim Guedes, co-CEO da Aveleda, conta à Ambiente Magazine que “foi um desafio, lançado a nós próprios, de procurar uma certificação muito exigente e muito abrangente, na área da sustentabilidade. A obtenção desta certificação é uma validação das (muitas) práticas sustentáveis que temos, e algo que nos leva a ir cada vez mais longe neste capítulo, sempre na senda da melhoria contínua”.
Garantido que o objetivo desta quinta na zona de Penafiel é trabalhar “com a natureza”, o responsável enumera algumas práticas adotadas pela empresa. Na viticultura, por exemplo, “as bordaduras e cabeceiras são áreas de vinha alocadas para a biodiversidade através da plantação de flora nativa. Estas estruturas ecológicas de árvores e arbustos permitem mitigar alguns efeitos causados pela intensificação das atividades agrícolas e servem, nomeadamente, como refúgio para a fauna existente nas vinhas”.
“Além disso, a cobertura do solo, com espécies de leguminosas e gramíneas, altera o vigor das vinhas para obter uvas de alta qualidade. Nas vinhas com solos mais pobres, a incorporação de espécies leguminosas, como tremoço doce ou tremoço amarelo, permite aumentar o teor de nitrogênio e os níveis de biomassa, que serão convertidos em matéria orgânica no solo, fornecendo alimento para a fauna e contribuindo para o equilíbrio do ecossistema vitícola”, continua Martim Guedes.
“Não fazemos quantificação global dos gastos nem de eventuais ganhos comerciais relacionados com a sustentabilidade”
De forma geral, estas ações permitiram que em 2023 as emissões da Aveleda fossem de 1.817 tCO2eq, mas com sequestro de 2.261: “ou seja, nos últimos anos conseguimos inverter o rácio, tornado o sequestro superior às emissões. Por exemplo, a plantação média de mil árvores por ano teve aqui um grande contributo”, evidencia o co-CEO.
E a ambição não fica por aqui. “No curto prazo, queremos obter a certificação de sustentabilidade pelo Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Sector Vitivinícola (RNCSSV) criado pela ViniPortugal. A médio prazo, queremos começar a trabalhar o chamado “scope 3” relativo às emissões de toda a cadeia de valor, e que implica um trabalho próximo com clientes e fornecedores para melhorar, em conjunto, o desempenho de todos”, remata Martim Guedes.