Portugal tem condições para a redução a curto prazo da emissão de gases de estufa nos transportes rodoviários e pode poupar até um milhão de toneladas por ano de CO2 se aumentar a incorporação real de biocombustíveis. Esta garantia é partilhada pela Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis – APPB.
Para que este objetivo seja alcançado, os produtores nacionais de biocombustíveis lembram a necessidade de Portugal seguir a recomendação da União Europeia que passa por aumentar os níveis de incorporação real de biocombustíveis aquando do abastecimento dos automóveis e autocarros. No entanto, em sentido contrário, estes responsáveis lamentam a notificação enviada pela Comissão Europeia em maio deste ano, devido ao “incumprimento por parte do Governo português na transposição da Diretiva Red II e que aumenta as taxas de incorporação de biocombustíveis como alternativa ecológica aos combustíveis fósseis”.
De acordo com uma análise efetuada pela APPB, tendo como base os números da AT (Autoridade Tributária) e do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), “em 2021, sendo a meta nacional de incorporação de biocombustíveis nos combustíveis rodoviários de 11% em teor energético, a incorporação real (ou física) situou-se em cerca de 6%, devido ao elevado, mas indispensável, teor de matérias residuais utilizadas na sua produção e que beneficiam de dupla contagem para efeitos de medição”.
“Ainda existe um potencial significativo de redução das emissões através do aumento da incorporação física de biocombustíveis”, afirma o secretário-geral da APPB, Jaime Braga, destacando que “no ano de 2021 as emissões reais, relativas às parcelas de 2,4% na gasolina e de 7,3% no gasóleo ocupadas pelos biocombustíveis, foram de 245.058 de toneladas de CO2”.
De acordo com avaliação da APPB, tal significa que “sem a substituição dos combustíveis fósseis por biocombustíveis teriam sido emitidas mais cerca de 780 mil toneladas de CO2 em Portugal, em apenas um ano”.
“Este é um contributo muito significativo à escala das emissões totais para o país e nada obsta tecnicamente a que esta poupança exceda o milhão de toneladas de CO²/ano, sendo acrescida a incorporação real de biocombustíveis no abastecimento rodoviário”, remata Jaime Braga.