O Projeto Biodiversidade lançou esta quarta-feira uma campanha de sensibilização contra a captura e consumo ilegal de espécies marinhas protegidas em Cabo Verde, esperando também motivar a denúncia desses casos e mudar comportamentos.
Tendo como mensagem principal “Mantenha o perigo longe do seu prato”, a campanha vai incitar o público a rejeitar o consumo de espécies selvagens protegidas por lei, conforme disse à agência Lusa Shannon Sutherland, responsável pela comunicação do Projeto Biodiversidade.
Entre as espécies estão as tartarugas e aves marinhas, todos os mamíferos marinhos (golfinhos e baleias) e algumas espécies de tubarão também estão protegidas pelas leis em Cabo Verde e por tratados internacionais ratificados por Cabo Verde.
No caso da tartaruga, a venda, compra, ou consumo de carne também é crime. “Cabo Verde ainda luta contra a caça ilegal destes animais em perigo de extinção, com um alarmante número de tartarugas marinhas apanhadas já registado nesta temporada”, alertou a associação.
As ações começam esta semana na ilha do Sal, com colocação de outdoors na via pública, sensibilização das populações e divulgações de mensagens nos media e nas redes sociais.
Segundo Shannon Sutherland, depois do Sal a campanha pretende chegar até ao final do mês às ilhas do Maio, Boa Vista e Santiago, com organização de conversas com especialistas, parceiros locais e colaboradores. “A campanha busca fortalecer a compreensão da população sobre as diferentes maneiras nas quais a biodiversidade e a saúde humana estão interconectadas, e busca inspirar um movimento coletivo de denúncia do consumo ilegal, mudar comportamentos prejudiciais para o ambiente, assim como proteger espécies importantes e o seus ecossistemas”, explicou o Projeto Biodiversidade numa nota de imprensa.
“A ligação entre a proteção da biodiversidade e a saúde humana nunca foi mais evidente”, disse Berta Renom, diretora executiva da organização não governamental, citada na nota de imprensa, para quem, a perpetuação desses ciclos prejudiciais de consumo, poluição e destruição de habitats não irá somente prejudicar ecossistemas importantes, mas também a nós humanos.
“Temos a esperança que esta campanha possa servir como um ponto de virada para melhorar como as pessoas interagem com o mundo natural, e incentivá-las a tomar medidas positivas para preservar esse mundo”, perspetivou a diretora executiva do projeto. Shannon Sutherland salientou a relevância da campanha, que acontece na atual situação de pandemia do novo coronavírus, e a sua ligação direta com o consumo ilegal de animais selvagens.
“O conceito de zoonoses — doenças que se originam em animais, mas que podem se transmitir para os humanos — tem sido há muito tempo estudado, mas só agora se tornou um assunto de interesse para a população geral”, salientou o Projeto Biodiversidade, uma Organização Cabo-verdiana sem fins lucrativos, criada em 2015 e baseada na Ilha do Sal.
Por outro lado, a campanha coincide com o início da temporada de desova da tartaruga-cabeçuda em Cabo Verde, em que em todo o país serão realizados ações para a sua conservação e proteção por parte de várias associações ambientais.
A campanha é lançada em parceria com o Ministério de Agricultura e Ambiente e a Direção Nacional do Ambiente, com o apoio da Câmara Municipal de Sal, e com financiamento da TUI Care Foundation e do Projeto GEF — Bio Tur.