A Associação dos Produtores de Energia e Biomassa (APEB) nota que este ano há mais resíduos florestais no mercado, mas teme que os incêndios de 2017 e a abertura de novas centrais criem escassez de matéria-prima. “Este ano, nota-se a existência de mais resíduos no mercado. Os madeireiros não têm mãos a medir e anda toda a gente a querer limpar”, sublinhou o presidente da APEB, Carlos Alegria, referindo que “o dilema é o que fazer com estes resíduos”.
Com a exceção das centrais associadas às empresas de celulose que se dedicam à queima da casca do eucalipto, centrais dedicadas só há duas: “Mortágua [que foi afetada pelos incêndios de outubro de 2017] e em Oliveira de Azeméis”, esclareceu, citado pela agência Lusa. No entanto, está previsto o arranque de várias centrais de biomassa dedicadas para os próximos tempos, nomeadamente em Famalicão, Viseu, Fundão e Porto de Mós.
Carlos Alegria estima que todas as centrais que estão previstas ser construídas deverão somar uma capacidade total de consumo de cerca de dois milhões de toneladas de resíduos florestais por ano. “Esta é a minha preocupação. Onde há tanta biomassa?”, questiona, explicando que o receio é motivado pela quantidade de floresta que ardeu em 2017, reduzindo de forma substancial a biomassa disponível para ser queimada nas centrais.
De acordo com o presidente da APEB, as centrais também aceitam resíduos queimados, “mas contrariadas”. “A árvore queimada está muito seca e é como se fosse ferro e acaba por se perder a produção. As facas que usamos não conseguem cortar a árvore e acabam por se partir”, explicou.
Apesar das dificuldades previstas para os próximos anos, Carlos Alegria sublinha que este setor permite criar postos de trabalho indiretos na área das limpezas das florestas e evita as queimas e queimadas, que estão associadas a muitos focos de incêndio. “A aposta nas centrais de biomassa é a aposta na prevenção”, frisou.