Rita Gomes, arquiteta e fundadora da Seenergy – uma startup portuguesa que se dedica à criação de soluções inovadoras, de design exclusivo, que integram sistemas de energia renovável em mobiliário decorativo – é a única mulher portuguesa que faz parte da lista de finalistas dos Prémios Europeus de Energia Sustentável 2024.
“A tecnologia DSSCs (células solares sensibilizadas por corantes) permite transformar o mobiliário e os objetos domésticos em fontes de energia renováveis, oferecendo uma solução inovadora que ajudará a promover a transição energética da União Europeia (UE) para a utilização de uma energia mais verde”, refere a finalista.
Com sede no Porto, o desafio da startup é desenvolver uma gama de mobiliário, económico e ecológico, com capacidade para fazer o aproveitamento e o armazenamento da energia solar. “A nossa missão passa por criar soluções inovadoras em que possamos aplicar, à escala mundial, as vantagens desta tecnologia solar integrada no mobiliário, contribuindo assim para um futuro mais sustentável e ambientalmente mais responsável”, reforça a arquiteta.
No centro do design que desenvolve está um processo de incorporação de células solares sensibilizadas por corantes em peças de mobiliário e utensílios domésticos. “Esta fusão entre o design e a tecnologia permite criar produtos esteticamente bonitos que não só enriquecem os espaços habitacionais, mas desempenham, efetivamente, um papel ativo na redução da pegada de carbono”, explica.
A Seenergy utiliza células solares sensibilizadas por corantes que imitam o processo de fotossíntese nas plantas, convertendo a luz em eletricidade. Ao contrário dos painéis solares comuns, as células solares podem ser utilizadas em ambientes fechados, dado que não precisam de luz solar direta. Uma vez recolhida, a energia é armazenada numa bateria que é integrada nas peças de mobiliário, podendo depois ser utilizada para carregar dispositivos ou acender luzes através de uma entrada USB.
“Enfrentei alguns desafios, principalmente relacionados com estereótipos sobre o papel e as capacidades que a mulher tem na área da tecnologia”, admite. “Esses desafios vieram fortalecer o meu compromisso com a excelência e reforçar a minha convicção de que a inovação e a liderança não têm género”.
Em novembro de 2023, a Seenergy ganhou um primeiro prémio de 10 mil euros, na categoria de New European Bauhaus, na final do EIT Jumpstarter do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, uma iniciativa que distingue grandes inovações tecnológicas que possam ajudar a Europa a enfrentar alguns dos seus desafios mais prementes. A arquiteta portuguesa irá investir o valor deste prémio no seu projeto em curso e, através de parcerias que pretende estabelecer com a Universidade do Porto e com líderes do setor, pretende acelerar o desenvolvimento do seu conceito e produtos e lançá-lo até ao próximo ano.
O prémio ao qual agora concorre distingue mulheres que lideram projetos e atividades inovadoras que, quando replicadas, podem ajudar a promover a transição para a utilização de fontes de energias mais sustentáveis na Europa. É dada especial atenção ao contributo feminino nesta iniciativa, por forma a impulsionar a integração, em termos de género, e apoiar a igualdade de oportunidades no setor da energia.
As outras finalistas são Françoise Réfabert da França, e ainda Karolina Attspodina da Alemanha. Françoise desenvolveu uma visão inovadora na área do financiamento acessível para renovações ao nível da energia doméstica. Karolina tem a missão de trazer a energia solar para as varandas dos espaços habitacionais, através de kits de bricolage.
Os finalistas serão agora submetidos a uma votação pública online, que estará aberta até dia 2 de junho, sendo os vencedores anunciados durante a cerimónia de entrega dos Prémios EUSEW, no mesmo mês.