A área intacta da paisagem florestal mundial, sem nenhum sinal de atividade humana, caiu 7,2% dentre os anos 2000 e 2013, segundo um estudo publicado recentemente pela revista “Science Advances”. O trabalho, do professor de geografia da Universidade de Maryland (EUA), Peter Potapov, e da sua equipa, utilizou imagens de satélite do Google Earth e dados do governo para monitorizar as mudanças ao longo destes anos. Neste período, segundo os especialistas, perderam-se 919 mil km² de terrenos formados por mosaicos de ecossistemas florestais e carentes de árvores de forma natural.
As regiões tropicais foram responsáveis por 60% da redução total da área intacta de paisagem florestal, enquanto 21% dessa perda acontece nas regiões boreais, e 19% no norte das florestas boreais da Eurásia e da América do Norte.
Na verdade, mais da metade da diminuição desta paisagem intacta concentrou-se em apenas três países, nomeadamente, Rússia, com 179 mil km² de perdas; Brasil, com 157 mil km²; e Canadá, com 142 mil km².
As principais causas deste fenómeno foram a extração de madeira, em 37% das ocasiões; a expansão agrícola, em mais de 27%; e a propagação dos incêndios florestais por causa da construção de infraestruturas, em mais de 21% das vezes. Outras causas incluem a fragmentação para rotas mineiras, extração de petróleo, gasodutos e linhas elétricas, além da expansão da rede de estradas.
Os autores do estudo destacaram a importância das superfícies intactas de paisagens florestais como estabilizadoras do armazenamento de carbono terrestre e da biodiversidade, além de proporcionarem grandes habitats naturais para espécies de animais.
Entre 2011 e 2013, a taxa de redução de áreas florestais virgens triplicou em comparação com a década anterior. No entanto, as zonas classificadas como “áreas protegidas”, que cumprem os parâmetros da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que se baseiam no progresso humano, desenvolvimento económico e conservação da natureza, sofreram uma diminuição “significativamente menor”.
O estudo também alertou que se a área virgem florestal geral continuar a diminuir na mesma proporção, pelo menos 19 países perderão toda sua área intacta nos próximos 60 anos.