Foi a partir de 2009 que a empresa iniciou a sua aposta no investimento direto em ativos de energias renováveis, com a energia eólica, e hoje tem um historial de 18,9 Gigawatts de capacidade instalada e desenvolvida em ativos de energia renovável, com 13,9 GW atualmente instalados em ativos de energia eólica, solar fotovoltaica e hidroelétrica.
Em Portugal, a Aquila Group começou a atuar em 2017, contando com 35 profissionais que trabalham em projetos de energia hidroelétrica, solar fotovoltaica e logística verde: “gerimos um portfólio solar fotovoltaico de cerca de 850 Megawatts, um portfólio mini-hídrico de cerca de 100 MW e detemos três ativos logísticos, na Azambuja, Torres Vedras e Paredes, com uma área líquida locável combinada de mais de 141 mil m2”, afirma Angela Wiebec.
Quando foi o momento de viragem para a empresa começar a atuar, com mais intensidade, em prol das questões climáticas e ambientais?
A empresa começou a especializar-se na mitigação das emissões de carbono em 2007, com o lançamento de dois fundos – proteção climática e gestão florestal – e através do compromisso de se tornar neutra em termos climáticos nas suas próprias operações. Começámos a apostar no investimento direto em energias renováveis em 2009, com a energia eólica, seguido do nosso primeiro investimento em energia solar fotovoltaica, em 2010, e em energia hidroelétrica, em 2011.
Procuramos melhorar também os nossos padrões de sustentabilidade: juntámo-nos à Iniciativa Financeira para o Ambiente da ONU, em 2008; em 2017, começámos a avaliar o desempenho dos nossos fundos de infraestruturas em termos de ESG, utilizando o Global Real Estate Sustainability Benchmark; aderimos ao Carbon Disclosure Project: em 2018, tornámo-nos signatários dos Princípios para o Investimento Responsável da ONU.
No outono passado, entrei para a empresa como CSO para orientar estes esforços e melhorar ainda mais a agenda de sustentabilidade. Como parte da estratégia, definimos um objetivo ambicioso – evitar a emissão de 1,5 mil milhões de toneladas de CO2e (dióxido de carbono equivalente) até 2035.
Como foi implementada a estratégia de sustentabilidade na empresa?
Dado o compromisso dos nossos fundadores com as alterações climáticas nos últimos 16 anos e o facto de o nosso modelo de negócio estar centrado no desenvolvimento, construção e operacionalização de ativos de energia renovável e na criação de estratégias de descarbonização, julgo ser legítimo afirmar que todos os recursos da empresa se concentraram em construir as nossas atuais capacidades. Isto inclui a contratação dos melhores especialistas, o investimento nas ferramentas e sistemas mais adequados, bem como a monitorização dos nossos resultados.
Quando olho para o futuro, sinto-me motivada pelo facto do nosso compromisso com a sustentabilidade ser sinónimo da estratégia empresarial. Também considero inspirador o facto de a sustentabilidade ser um valor promovido pelos nossos fundadores e de todas as decisões relacionadas com este tema serem tomadas pelo órgão de gestão hierarquicamente mais elevado – o Conselho Estratégico da Aquila Group.
Qual tem sido o investimento na transição energética?
Na Aquila Group, acreditamos que a transição energética requer um investimento significativo em energia limpa e em infraestruturas sustentáveis. Esta é a razão pela qual investimos e desenvolvemos uma vasta gama de centrais de energia limpa, agora capazes de abastecer dois milhões de casas com energia renovável, e 1,9 milhões de m2 de ativos logísticos verdes em toda a Europa.
Em Portugal, através da Aquila Clean Energy, temos uma capacidade instalada atual de 700 MW. Um bom exemplo da nossa abordagem é a central solar fotovoltaica do Cercal. Com uma capacidade instalada de 276 MW, será capaz de abastecer 141 mil casas com energia limpa. Esta central irá evitar a emissão de cerca de 476,8 mil toneladas de CO2e por ano. Este projeto irá incluir um sistema agrivoltaico, em parceria com a Universidade de Évora, e inclui a plantação de seis mil árvores, bem como a criação de uma Comunidade de Energia Renovável, que proporcionará benefícios diretos à população local sob a forma de uma redução até 50% na fatura de eletricidade de 400 casas e pequenas empresas.
Acabamos também de anunciar o desenvolvimento de um novo complexo logístico com 16,5 mil m2, no Porto, o Gandra North Green Logistics Park. A construção começou no início de junho e é o nosso terceiro ativo logístico no país. Tal como acontece com todos os nossos ativos de logística verde, o parque está a ser desenvolvido para receber os certificados de construção sustentável, como o BREEAM ou o LEED.
Que outros passos foram dados para alcançar a neutralidade climática?
Seguimos a definição acordada pela indústria do protocolo dos gases com efeito de estufa para medir as nossas emissões: as de âmbito 1 dizem respeito a emissões diretas resultantes das nossas instalações e veículos da empresa, as de âmbito 2 representam as indiretas resultantes do consumo de energia e as de âmbito 3 são as que decorrem de atividades a montante e a jusante, como as emissões dos nossos fornecedores, as deslocações dos colaboradores e as viagens de negócios.
Em 2022, compensámos uma pegada de carbono total de 3.023 toneladas de CO2e, utilizando créditos de carbono Gold Standard. No entanto, reconhecemos que compensar não é suficiente. O objetivo deve ser reduzir ao máximo a pegada de carbono. Já estabelecemos contratos de energia renovável para dez dos nossos escritórios e estamos ansiosos por acrescentar mais. Além disso, planeamos estabelecer objetivos concretos relativamente às nossas emissões de gases com efeito de estufa e à nossa pegada ambiental no futuro.
Embora não nos queiramos abster da responsabilidade de reduzir a nossa pegada de carbono e de definir objetivos formais para promover este processo, a nossa pegada total de emissões de Âmbito 1-3 é muito reduzida (menos de 0,5%) em comparação com as emissões de CO2e que evitamos em geral através das nossas atividades principais.
A empresa quer prevenir a emissão de 1,5 mil milhões de toneladas de CO2e até 2035. Será um objetivo que se irá concretizar ou será uma meta utópica?
Há uma abordagem de “zona de conforto”, que define objetivos de acordo com o que pode ser alcançado: ainda que esta abordagem favoreça uma menor responsabilização das falhas, o nível limitado de ambição pode reduzir o impacto que esta empresa poderia alcançar. É pouco provável que estas empresas sejam atores “disruptivos” ou transformadores no esforço global de descarbonização.
Isto motiva a segunda abordagem, que consiste em definir objetivos ambiciosos. Embora o nosso objetivo não seja impossível ou utópico, é certamente difícil de alcançar. Devemos concentrar a nossa atividade na procura de soluções radicais para a descarbonização e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para aumentar o mais rapidamente possível a capacidade instalada e desenvolvida dos nossos ativos de energia renovável.
É claro que também existem empresas que estabelecem objetivos inatingíveis para fins de promoção, o que é algo que não apoiamos. É por isso que estamos a criar uma metodologia robusta, conservadora e baseada na ciência que está a ser testada a nível externo para medir a nossa capacidade de concretização deste objetivo.
Neste momento, quais são os passos fundamentais nesta matéria?
O passo mais importante é expandir ainda mais o nosso negócio de energia renovável, incluindo em locais onde podemos ter uma maior contribuição para a mitigação das alterações climáticas, como no Mercado de energia renovável da Ásia-Pacífico. A Aquila Group tem grandes planos para esta região, com o objetivo de replicar o sucesso do nosso negócio de energia renovável na Europa e reproduzir a sua capacidade de produção.