Com um aumento de 5°C da temperatura global, a humanidade poderia ficar sem oxigénio, de acordo com um estudo publicado esta semana à margem da Conferência do Clima de Paris (COP-21), embora esse cenário possa ser evitado pelas medidas tomadas pela comunidade internacional. “Nós identificámos uma outra possível consequência das alterações climáticas que podem ser potencialmente mais perigosas do que todas as outras”, explicaram dois pesquisadores da Universidade de Leicester, na Grã-Bretanha, numa pesquisa publicada no Bulletin of Mathematical Biology.
Graças a um modelo matemático, os autores estimam que um aquecimento global de 6°C em comparação com a era pré-industrial poderia parar a produção de oxigénio do fitoplâncton, organismos vegetais que vivem em suspensão na água e fornecem dois terços do oxigênio presente na atmosfera. “Isso significaria o desaparecimento do oxigênio da água, mas também do ar”, concluiu a equipa. “Se isso viesse a acontecer, obviamente, levaria à morte de um grande número de espécies na Terra”, acrescentou.
A comunidade internacional, reunida em Paris para uma conferência climática fundamental, estabeleceu o objetivo de limitar o aquecimento a 2°C em comparação aos tempos pré-industriais e agora deve chegar a um acordo sobre as modalidades para o fazer. Desde 1850, a temperatura da Terra já aumentou mais de 1°C.
Até agora, as medidas anunciadas colocam a Terra no caminho de um aquecimento de entre 2,7°C e 3,5°C. E se o mundo realmente não fizer nada para combater as alterações climáticas descontroladas, a coluna de mercúrio subiria +4,8°C neste século, segundo o grupo de peritos da ONU (IPCC).
“Poderia haver poucos sinais de alerta”, explicou à AFP o co-autor Sergei Petrovskii. “Mas se nós superarmos o limiar crítico”, que é de 6°C, “iríamos rapidamente rumo à catástrofe”.
Os autores ressaltam, porém, que o modelo não inclui os efeitos de certos processos naturais, tais como a circulação oceânica – que poderiam ter um impacto sobre os efeitos do aquecimento.