O aquecimento global deve interromper o ciclo natural das eras glaciais e contribuir para atrasar a próxima idade do gelo em até cerca de 100 mil anos a partir de agora, disseram cientistas recentmente.
No último milhão de anos, o mundo teve cerca de 10 eras glaciares antes de voltar para condições mais quentes como a do presente. Na última era glacial, que terminou 12 mil anos atrás, camadas de gelo cobriram o que é agora o Canadá, o norte da Europa e a Sibéria.
Numa nova explicação sobre as longas quedas nas temperaturas globais que levam à era glacial, cientistas apontaram para uma combinação de mudanças de longo prazo na órbita da Terra ao redor do Sol, juntamente com níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Segundo eles, o planeta parecia estar naturalmente a caminho de escapar de uma era glacial nos próximos 50 mil anos, um período longo incomum de calor, de acordo com o estudo liderado pelo Instituto de Pesquisa sobre Impacto Climático de Postdam.
No entanto, o aumento da emissão de gases de efeito de estufa provocado pela humanidade desde o início da Revolução Industrial no século 18 pode significar que o período quente dure por 100 mil anos, escreveram os cientistas, na revista Nature.
As descobertas sugerem que influências humanas “vão tornar impossível o início da próxima era glacial num período de tempo comparável à duração dos ciclos glaciares anteriores”, escreveram.
“Os humanos têm o poder de mudar o clima em escalas de tempo geológicas”, disse o autor, Andrey Ganopolsky, à Reuters. E acrescentou que os impactos duradouros dos gases de efeito de estufa para um futuro muito distante não afeta de maneira nenhuma a urgência de se cortar agora as emissões apontadas como culpadas por tempestades, ondas de calor e aumento do nível dos mares. “Quanto antes pararmos, melhor”, declarou. Cerca de 200 governos chegaram a um acordo em Paris no mês passado para evitar combustíveis fósseis e assim combater as mudanças climáticas.