Aquecedores a eletricidade e gás são agora mais eficientes e inteligente
Os irradiadores a óleo, os termoventiladores, ou os aquecedores individuais com botija de gás, são os equipamentos mais utilizados pelos portugueses para garantir o aquecimento local, principalmente em casa. Estes aparelhos representam um custo muito significativo para as famílias, que muitas vezes não é devidamente percecionado, pois o uso de um único destes equipamentos pode significar vários euros por dia em eletricidade – um irradiador a óleo de 2000 watt de potência pode custar cerca 40 cêntimos por hora, segundo um comunicado da Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável.
No dia 1 de janeiro entrou em vigor o Regulamento 2015/1188 de Comissão Europeia respeitante aos requisitos de conceção ecológica para os aquecedores de ambiente local e que abrange os irradiadores elétricos, outros aquecedores elétricos, os aquecedores a gás e ainda o aquecimento do piso através de eletricidade. Esta regulamentação decorre da melhoria da eficiência energética exigida pela Diretiva 2009/125/CE sobre conceção ecológica de todo um conjunto de produtos, o também chamado ecodesign. Todos os aquecedores fabricados desde essa data têm de cumprir as novas regras de eficiência energética, sendo que os consumidores ainda poderão encontrar nos locais de venda os stocks de equipamento antigo que não está abrangido pelas novas regras, mas que ainda não se tenham esgotado.
Quais as grandes diferenças
Os novos aquecedores terão uma gestão de funcionamento mais eficiente à custa de um controlo eletrónico e mais sofisticado da temperatura do quarto ou sala, podendo ter incorporado um temporizador diário e semanal, um controlo remoto, um detetor de janela aberta ou ainda a capacidade de ligar e desligar com compatibilidade para redes sem fios. Com as novas regras de conceção ecológica, os aquecedores terão de atingir uma gama mínima de eficiência de aquecimento (de 31% a 74%), dependendo do tipo de equipamento, para estarem presentes no mercado da União Europeia. Também estão previstas limitações nas emissões de óxido de azoto (NOx).
Assim, neste período de transição onde ainda estarão à venda equipamentos novos e antigos (até se esgotar o stock), o consumidor deve olhar para estas características como forma de os diferenciar.
Os resultados da nova legislação serão muito significativos à escala europeia, podendo representar até ao ano 2020, uma redução de 6,7 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono por ano e de 600 toneladas de emissões poluentes de óxidos de azoto, o que equivale a retirar 250 mil carros a gasóleo.
Irradiadores elétricos a óleo sem etiqueta energética
Alguns dos aquecedores agora melhorados terão associada uma etiqueta energética que permite ao consumidor melhor decidir aquando da sua aquisição. Porém, para a Zero, os irradiadores elétricos a óleo foram “vergonhosamente” isentos das regras de rotulagem energética, apesar de serem os produtos de aquecimento doméstico menos eficientes. “Alguns países e fornecedores de energia tiveram claramente interesse em esconder os níveis de eficiência energética desses produtos, desrespeitando o direito dos consumidores de se aperceberem das implicações do que estão a comprar”, referem os ambientalistas.
Outros produtos que beneficiarão de requisitos de eficiência energética mais fortes em 2018 são as placas de fogão de cozinha e exaustores. Em 2018, após muitos atrasos, os decisores políticos também começarão a reintroduzir os rótulos de energia originais de A a G para uma série de aparelhos domésticos, removendo os níveis mais confusos (A +, A ++, A +++).
Investimentos no conforto devem ter outras prioridades
Os aquecedores locais são escolhidos pelo baixo preço de aquisição e rapidez de colocação em funcionamento, mas são os sistemas mais ineficientes, traduzindo-se num custo significativo para os utilizadores em termos de utilização e ao mesmo tempo mantendo um reduzido conforto térmico, pois eles vão ter que ser utilizados o menos possível, de forma a não ter um aumento dramático da fatura de eletricidade.
O ideal é apostar na melhoria da habitação, o que a Zero sabe ser difícil pela incapacidade de investimento de muitas famílias, por exemplo em duas vertentes como:
– a aplicação de isolamento, mais fácil de executar no caso dos últimos pisos dos prédios, com o isolamento da placa ou do telhado, conseguindo-se reduzir as perdas de calor;
-a substituição dos envidraçados, aplicando melhores janelas nas habitações, que reduzem significativamente as perdas de calor para o exterior. Inclusive, este material tem já também uma etiqueta energética, para ajudar o consumidor a fazer uma escolha mais eficiente aquando deste investimento.
O trabalho da Zero nestas áreas insere-se na campanha Coolproducts liderada pelo European Environmental Bureau (EEB) e pela ECOS (duas organizações de que a ZERO é membro), cujo objetivo é garantir que a legislação de eficiência energética funcione para os cidadãos e para os governos europeus.