Na época que atravessamos, de escassez de recursos e aumento demográfico da população mundial, torna-se imperativo uma utilização cada vez mais sustentável dos recursos existentes.
Em 2015, a ONU definiu 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), metas globais onde são definidas as prioridades e aspirações do desenvolvimento sustentável global para 2030. No que à Água e Saneamento diz respeito, o ODS número 6 define que deverá ser assegurada a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. Este objetivo procura garantir o acesso universal e equitativo a água potável, melhorar a qualidade da água, aumentar o uso eficiente dos recursos hídricos e proteger ecossistemas aquáticos, bem como promover a participação das comunidades na gestão da água e saneamento. Estes ODS criam novos e maiores desafios para a Indústria da água.
Assim, urge a necessidade de adotar ferramentas e métodos inovadores que permitam apoiar uma gestão mais eficiente da Água e Saneamento. Com o avanço tecnológico, nomeadamente ao nível da Inteligência artificial (IA), surgem cada vez mais soluções inovadoras que permitem uma gestão mais eficiente e responsável dos recursos hídricos e energéticos. A utilização dessas ferramentas está, não só, em linha com os ODS, como é essencial para enfrentar os desafios ambientais atuais.
Nesse sentido, têm sido realizados inúmeros desenvolvimentos tecnológicos que facilitam a digitalização destas indústrias, e que permitem gerar informações (data) fidedignas e em tempo real.
O acesso a dados fidedignos permite a tomada de decisões informadas, definição de estratégias mais eficazes e a inovação contínua. Estes dados podem transformar realidades, otimizar recursos, tornando-se uma ferramenta essencial para o desenvolvimento sustentável.
Sistemas de monitorização em tempo real e sensores IoT (Internet das Coisas), permitem uma vigilância constante da qualidade e quantidade de água disponível. Estes sistemas ajudam na deteção de fugas, na gestão de redes de distribuição e drenagem e na monitorização de rios e reservatórios. Algoritmos de IA conseguem prever padrões de consumo e identificar áreas de desperdício. Por sua vez, o big data oferece insights valiosos ao analisar grandes volumes de dados em tempo real.
O recurso a algoritmos que interligam várias especialidades de engenharia, por exemplo, a geografia, a hidráulica e a mecânica, pode ser feito através da utilização de servidores avançados. Isto permite uma adaptação às variáveis, como o desgaste dos equipamentos/materiais, a temperatura ambiente, o consumo instantâneo, entre muitas outras.
Estes sistemas, combinados com sistemas de telegestão e Telemetria, permitem melhorias na gestão dos sistemas de água, nomeadamente, a nível da redução de perdas, da otimização do consumo, da eficiência energética, da manutenção preventiva, da qualidade da água e da gestão de recursos.
Atualmente e com a evolução da Automação e Telegestão, o mais importante é obterem-se dados fiáveis, de uma forma cada mais rápida e com um histórico mais longo. Para isso têm sido desenvolvidos equipamentos e instrumentação com maiores capacidades, tanto nas leituras das grandezas a medir, como na capacidade de disponibilizarem-se estas informações para um ambiente WEB, através de grandes servidores de Base de Dados que as recolhem e tratam.
Assim, apesar dos desafios e das metas ambientais ambiciosas definidas pela ONU e outras autoridades nacionais e locais, existem ferramentas à disposição da indústria da Água, sem as quais será, cada vez mais, difícil atingir o nível de sustentabilidade desejado.
* Texto da responsabilidade da Aquapor (publicado na edição 106 da Ambiente Magazine)