O Projeto ECH2O-Água terminou no final de maio e a Associação Portuguesa de Recursos Hídricos (APRH) realizou uma sessão online para apresentar os resultados e as conclusões do projeto, que incidiu sobre “pequenos gestos” para a poupança de água junto de diversas comunidades, desde os mais pequenos aos idosos, e dado o sucesso pondera-se agora a sua continuidade com novos parceiros.
O ECH2O-Água acompanhou um conjunto de nove Comunidades Experimentais tendo em vista a promoção do uso e consumo sustentável de água para a redução da pegada hídrica. Susana Neto, presidente da APRH e coordenadora do projeto, explica: “Ensaiámos o gesto simples de colocar dispositivos de redução de caudal em torneiras, chuveiros e nos autoclismos”, durante 18 meses, entre novembro de 2018 e 31 de maio de 2020. Nas palavras de Susana Neto, esta “foi uma experiência muito gratificante” que permitiu à APRH “trabalhar diretamente com a sociedade, sair dos nossos gabinetes, e ter um papel interessante do ponto de vista de promoção de hábitos de poupança de água”.
O projeto enquadra-se no projeto “No Planet B”, da AMI, e recebeu financiamento da União Europeia e do Instituto Camões, o que para a APRH “foi realmente uma inovação em termos do tipo de trabalho e também pela primeira vez termos um financiamento externo, que se traduziu realmente num reforço da nossa própria sustentabilidade”. A Câmara Municipal de Lisboa foi um dos parceiros do projeto e o vereador José Sá Fernandes comenta que “a escassez de água é um problema planetário a que todos devemos estar atentos” pois deve ser assegurada “água para todos” e, para isso, “temos que poupar” com “ações deste género”.
Projeto envolveu mais de 2.000 pessoas na poupança de água
As Comunidades foram “diversificadas” envolvendo 2.600 pessoas, dos 3 aos 90 anos (jardins de infância, secundárias, residências, postos de trabalho e centros de dia), e “se cada uma delas influenciar três ou quatro pessoas podemos considerar que um grupo de cerca de 15 mil pessoas foram certamente influenciadas pelo projeto”, reflete a presidente da APRH. Além disso, realizaram-se 12 sessões públicas (1.000 participantes) e registaram-se mais de 30.000 visitas ao site do projeto para o cálculo da pegada hídrica.
O ECH2O-Água conseguiu ainda “ir mais além do território nacional” tendo sido apresentado num evento em Cabo Verde onde participaram outros países como Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Brasil. Dado o seu “sucesso”, Susana Neto avança que “estamos a desenvolver esforços no sentido de ter uma continuidade do projeto para outros parceiros que mostraram grande interesse em puder associar-se e que nesta fase não seria possível” além de estar a ser desenvolvido um E-Book a ser distribuído, gratuitamente, por todos os participantes e potenciais parceiros.
Redução do consumo de água em cerca de 60%
Desde crianças, passando pelos jovens até aos idosos, todos foram envolvidos neste projeto de poupança de água. As crianças aprenderam “quando fores lavar as mãos não deixes a água a correr” e que “se a torneira pingar algo vais ter de fazer”, enquanto numa escola secundária, no âmbito do projeto, “foi desenvolvido um conjunto de atividades que proporcionaram a toda a comunidade escolar uma maior consciência de cuidarmos deste bem-natural e sabermos fazer um uso eficiente da água das atividades quotidianas”.
No Centro de Interpretação de Monsanto, por exemplo, após serem colocados os dispositivos de caudal nas torneiras da casa de banho dos funcionários, “verificámos que o próprio fluxo de caudal da torneira ficou diferente, deitando uma menor quantidade de água mas suficiente para lavar as mãos”, o que se traduziu numa “redução do consumo de água em cerca de 60%”.
Já no Centro Porta Amiga, da AMI, a assistente social Elisabete Cavaleiro explica que “pudemos capacitar a nossa população beneficiária, nomeadamente, a mais idosa para questões inerentes à poupança de água” que “sentiu um decréscimo no valor a pagar no final do mês”. No Centro Comunitário de Telheiras, a animadora cultural Maria Rodrigues argumenta que “a grande mais valia do projeto foi o aumento do conhecimento em torno das questões da água e acreditamos que este é um 1.º passo para adotarmos atitudes mais conscientes face ao meio ambiente e aos recursos existentes”.