A APREN (Associação Portuguesa de Energias Renováveis) deu início, esta terça-feira, à sua conferência anual que, este ano, se realiza em formato digital a partir do Pequeno Auditório da Culturgest, em Lisboa. Durante dois dias, vários oradores vão juntar-se para falar sobre “A eletricidade renovável no centro da descarbonização”.
Giles Dickson, CEO da WindEurope (Associação Europeia de Energia Eólica), em entrevista à APREN, aponta alguns dos benefícios que o Green Deal pode oferecer a Portugal. O responsável começa por evidenciar que o Acordo Verde Europeu vai “impulsionar a mudança energética”, isto é, a “expansão das renováveis”, permitindo “descarbonizar a energia” em Portugal. Isto significa que “os consumidores portugueses não vão estar a pagar para importar combustíveis fósseis” do exterior da Europa para Portugal: “A energia vai ser gerada essencialmente a partir de eletricidade feita aqui em Portugal”, sublinha.
O Green Deal também vai permitir a criação de empregos: “Portugal tem uma cadeia de abastecimento fantástica para a energia eólica”, sustenta o responsável, dando como exemplo Viana do Castelo e outros lugares, onde se desenvolvem geradores e turbinas: “As empresas são altamente competitivas”, diz, acreditando que “vamos ter cada mais parques eólicos a serem construídos na Europa”.
E se a transição energética significa mais renováveis, Giles Dickson recorda que as renováveis são “agora a forma mais barata da energia”, ou seja, “quantas mais renováveis, menos os portugueses vão ter que gastar nos recursos energéticos”.
Relativamente ao papel do setor renovável na recuperação em Portugal, o CEO da Associação Europeia de Energia Eólica não tem dúvidas de que “as indústrias das energias renováveis vão ter um papel cada vez mais importante nesta transição”. E no plano de recuperação e resiliência, a mensagem da União Europeia para Portugal é clara: “Vamos dar dinheiro e subsídios para vos ajudar na recuperação pós-Covid-19” mas Portugal terá que aumentar os compromissos, nomeadamente em “conseguir avançar com uma transição energética” e “investir cada vez mais em renováveis”.
Para que a “descarbonização da economia” seja uma realidade, Giles Dickson considera que devem ser garantidas “regras equilibradas e justas”, principalmente na tributação da eletricidade e do gás: “Ao invés das de gás, ao escolherem as bombas de calor para aquecer as casas, as pessoas percebem que vão pagar mais de impostos por unidade de energia consumida”. Esta é uma realidade que, do ponto de vista de Giles Dickson, não pode acontecer: “Temos que mudar e tem de haver regras equilibradas e justas”.