APAL: “Estou convicto que vamos contribuir para uma sociedade industrial sustentável”

A Ambiente Magazine conversou com Rui Abreu, presidente da APAL – Associação Portuguesa do Alumínio, para entender como o alumínio pode auxiliar a descarbonização do setor da construção.

Qual é o cenário atual do setor da construção em matéria de sustentabilidade?

Como em toda a indústria, algum setor pode estar mais adiantado que outros, a indústria do Alumínio está a trabalhar diariamente para contribuir para transformar a nossa sociedade neutra em emissões de carbono. Existe uma cada vez maior produção/consumo de alumínio reciclado contribuindo assim para uma sociedade muito mais sustentável. Nós acreditamos na economia de mercado e é esta economia de mercado que está a pedir mais capacidade de reciclagem. Temos de nos preparar. Cada vez mais sustentáveis até à economia circular. A União Europeia tem as metas bem claras. 2050 é o ano. 2050 temos de ter uma sociedade neutra em carbono.  Com o rumo que a indústria do alumínio está a tomar estou convicto que vamos contribuir para uma sociedade industrial sustentável e com futuro.

Quais os materiais mais eficientes para construção?

É uma pergunta muito genérica. Todos os produtores dos vários materiais estão à procura de soluções mais eficientes para os seus materiais. Não gosto de falar em eficiência sem falar de sustentabilidade. Um edifício pode ser muito eficiente, por exemplo a nível energético, mas não ser sustentável. Nós temos de ter um equilíbrio entre eficiência e sustentabilidade. Não vale a pena ter um material eficiente se a sua reciclagem no fim de vida não for a mais perfeita. O futuro é circular. Um edifício eficiente tem de ser sustentável, significa que no seu fim de vida cada um dos materiais tem que ser reciclado de modo a formar novamente o mesmo material. No caso de uma caixilharia de alumínio no seu fim de vida, pode voltar em forma de sucata à fundição para produzir nova matéria-prima e tornar-se numa caixilharia nova. O ciclo completo. Existem poucos materiais que tenham esta capacidade, no entanto toda a indústria está a caminhar para encontrar soluções para nos tronarmos numa verdadeira economia circular. A descarbonização é importante ser acelerada. Uma sociedade descarbonizada é uma sociedade sustentável e eficiente.

Quais materiais devem ser reduzidos ou eliminados? Porquê?

Todos aqueles materiais que não consigam ter lugar numa economia circular. Não vou nomear materiais que devam ser reduzidos ou eliminados. Nós na APAL queremos mostrar que o Alumínio é o material perfeito para uma economia circular e estamos todos os dias a trabalhar para isto.

Em que nível está o uso de alumínio na construção?

O Alumínio entra em muitas fases da construção. Desde os andaimes até à estrutura da parede, à caixilharia. Mas existem mais produtos. Na construção cada vez mais o alumínio encontra novas solução para a sua aplicação.

Quais as vantagens do alumínio?

O Alumínio é leve, resistente, fácil de moldar, 100% reciclável. Um material “inteligente”, um material do futuro. No nosso país temos todo o ciclo de reciclagem do alumínio implementado. Todos os processos inerentes ao ciclo de vida do produto Alumínio existem no nosso país. Só isto já é uma grande vantagem.

Há falta de incentivos à construção mais eficiente e sustentável?

Sem dúvida. Os edifícios têm que se tornar mais eficientes e sustentáveis. Sei que no nosso país existem problemas mais prioritários, mas edifícios mais eficientes e sustentáveis são importantes para uma sociedade neutra em carbono. Descarbonizar é o futuro.

O que a legislação precisa de mudar?

É muito simples: mudar a legislação para que a eficiência e a sustentabilidade esteja lado a lado. Só assim podemos atingir a meta da União Europeia para uma sociedade neutra em carbono. Temos de ser otimistas.