O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, garantiu, esta terça-feira, que a entidade “não facilitou, nem acelerou” o processo de transmissão de seis barragens da EDP à Engie e que não havia motivo para não o autorizar, lê-se na Lusa.
“A APA [Agência Portuguesa do Ambiente] não facilitou, nem acelerou processo algum”, disse Nuno Lacasta, que falava na comissão parlamentar de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, respondendo a deputados que acusaram a agência de ter feito “trabalho de consultoria para a EDP”, por forma a tornar o projeto “aprovável”.
Segundo o responsável, a APA autorizou a transação das barragens a um consórcio liderado pela Engie, depois de 11 meses de análise, quando considerou esclarecidas as diferentes dúvidas e reservas levantadas durante o processo. “Se não tivesse sido possível, na nossa avaliação técnica, aprovar esta transação, nós não o teríamos feito”, assegurou.
De acordo com a Lusa, o presidente da APA considerou, ainda, que as alterações aos contratos de concessão que a entidade requereu tornaram-nos “mais robustos” e “blindados”, em relação à versão inicial, salvaguardando os interesses do Estado. “Só foi possível autorizar esta transação porque vimos as diferentes questões esclarecidas e porque conseguimos colocar em letra de contrato um conjunto de matérias que considerámos pertinente fazer”, afirmou Nuno Lacasta.
Relativamente a um parecer da diretora do Departamento de Recursos Hídricos da APA, que, em julho, levantou reservas quanto à operação, o responsável garantiu que as questões apontadas não foram ignoradas, mas depois de pedidos vários pareceres, inclusivamente ao Ministério das Finanças, a APA entendeu estarem reunidas as condições para aprovar a operação, decisão com a qual, disse, a diretora daquele departamento concordou.
Nuno Lacasta reiterou que as competências da APA nesta matéria são meramente de avaliação técnica e financeira do potencial adquirente das barragens, não cabendo à agência avaliar questões de fiscalidade, como os impostos devidos ao Estado, e, nesse sentido, foi pedido ao Ministério do Ambiente que solicitasse um parecer ao Ministério das Finanças.
O responsável da APA lembrou que o Ministério das Finanças e a Parpública, que gere as participações do Estado em empresas, não forneceram uma avaliação económica e financeira da transação para o Estado, alegando tratar-se de um “negócio entre privados”.
Segundo a deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, a diretora de Recursos Hídricos da APA levantou questões sobre o valor da operação, tendo a deputada pedido à APA que confirmasse se as barragens do Douro internacional valiam 1.700 milhões de euros, do total de 2,2 mil milhões de euros pelo qual foi feito o negócio.
Muno Lacasta admitiu, no entanto, que a APA não teve acesso aos contratos da concessão assinados entre os privados, tendo apenas sido facultado à entidade o valor de cada operação, o qual não revelou. “A APA não faz política, a APA toma decisões técnicas no âmbito das suas competências e no estrito cumprimento da lei e, só por isso, a APA não se pronunciou sobre as questões económico financeiras”, sublinhou Nuno Lacasta.