Ao mesmo tempo que os países se esforçam para combater a pandemia Covid-19, também eles têm a oportunidade de dar um passo no rumo às alterações climáticas, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres. O responsável falava no terceiro Bloomberg New Economy Forum anual, que junta vários líderes.
Para António Guterres, “2021 deve ser o ano do grande salto para a neutralidade carbónica. Cada país, cidade, instituição financeira e empresa deve adotar planos para a transição e para emissões zero até 2050.”
No seu discurso, o secretário-geral da ONU lembrou que, recentemente, a União Europeia, o Japão, a Coreia do Sul, juntamente com mais de 110 outros países, anunciaram as promessas para alcançar a meta de neutralidade de carbono. O compromisso que todos os países estão a assumir é um sinal “decisivo” para mercados, investidores e líderes políticos: “O carbono deve ter um preço. O tempo dos subsídios aos combustíveis fósseis acabou. Devemos eliminar o carvão. Devemos transferir a carga tributária da renda para o carbono, dos contribuintes para os poluidores”.
António Guterres acrescenta que os” relatórios financeiros sobre a exposição aos riscos climáticos devem ser obrigatórios”, ao mesmo tempo que, as “autoridades devem integrar a meta de neutralidade de carbono nas políticas económicas e fiscais”, a fim de realmente “transformar a indústria, a agricultura, os transportes e o setor de energia”.
Apoio para países em desenvolvimento
O secretário-geral da ONU destaca o valor da parceria entre as Nações Unidas e o setor empresarial e privado, inclusive por meio de iniciativas como a Aliança de Investidores Globais para o Desenvolvimento Sustentável e a Aliança de Proprietários de Ativos Net-Zero. No entanto, alerta que tais coalizões “não podem ser globais sem contar com os países em desenvolvimento que vão precisar de apoio significativo”.
Ao longo do discurso, António Guterres, também, reconhece que a mudança para a neutralidade de carbono não será fácil: “Precisamos de uma transição justa, com formação e assistência para quem vai perder o emprego ou ser afetado de outra forma”.
À medida que a pandemia Covid-19 dificulta mais o mundo, o secretário-geral da ONU também evidencia os esforços contínuos da ONU para “salvar vidas” e, ao mesmo tempo, “controlar a propagação do vírus e aliviar as consequências”. Além disso, a ONU também está a colocar esforços num “grande pacote de resgate” para as pessoas e países mais vulneráveis: “Estamos todos focados em responder à pandemia. Mas enquanto nos esforçamos para superar uma crise, temos uma abertura para enfrentar outra”.
Em nota final, António Guterres sublinha que “a pandemia mostrou que podemos pensar grande e agir face a uma emergência. Temos decisões cruciais a tomar nas próximas semanas e meses. Vamos acertar”.