São boas e más notícias. As más, primeiro: ao ritmo atual de emissões de gases com efeio de estufa, o gelo da Antártida, que era tido como muito estável, vai começar a derreter em larga escala e, em resultado disso, a subida do nível do mar pode chegar não a mais um metro em 2100, como estimou o IPPC, mas ao dobro. Agora a boa notícia, diz o Diário de Notícias de hoje: se as emissões caírem rapidamente para perto do zero – meta que ficou, aliás, por escrito no acordo assinado em Paris pelos mais de 190 países que participaram, em dezembro, na última cimeira do clima da ONU – aquele cenário não chegará a concretizar-se.
O veredicto é de um estudo publicado ontem na revista Nature por dois investigadores norte-americanos, Robert DeConto e David Pollard, das universidades de Massachussets e do Estado da Pensilvânia, e os seus resultados vêm confirmar, não apenas todos os anteriores alertas sobre o perigoso barril de pólvora que as alterações climáticas são mas também a importância da meta saída da cimeira do clima de aris, de chegar às zero emissões o mais depressa possível.
Robert DeConto e David Pollard desenvolveram um modelo computacional que lhes permitiu estimar com uma nova precisão a taxa do degelo na Antártida nas próximas décadas. Para isso, fizeram uma viagem ao passado, que lhes serviu para traçar a história dos gelos acumulados na Antártida e estabelecer a sua relação com o nível do mar em cada era.
Se as previsões estiverem certas, como tudo indica, esse mundo com os mares nove a 15 metros acima do seu nível atual poderá tornar-se realidade em 2500. Mas, a mais curto prazo, também não há motivos para tranquilidade, se as emissões de gases com efeito de estufa não forem reduzidas quase a zero.
Se a subida do nível dos oceanos em 2100 for de facto o dobro da que preveem as estimativas do IPCC, ou seja, de dois metros, então aí “estaremos a falar de retirar cidades do litoral, e não de as proteger com obras de engenharia”, afirmou Robert DeConto, citado no The Guardian.