Neste início de ano, com a energia a ocupar um lugar de destaque na lista das preocupações dos portugueses e, agora, com a saída de João Galamba da pasta do Ambiente e da Energia, a Ambiente Magazine está a auscultar vários especialistas sobre quais as perspetivas para este ano tendo em conta as adversidades vivenciadas no setor.
Considerando que a “expansão das energias renováveis” em Portugal tem sido feita de forma “desordenada e sem planeamento”, Ângela Morgado, diretora-executiva da ANP|WWF, chama a atenção para os impactos no ambiente e nas comunidades que, tende a agravar com o Simplex Ambiental.
Sendo João Galamba responsável pelas “políticas públicas relacionadas com este setor” esperava-se uma “postura diferente”, admite a responsável, lembrando o momento em que o mesmo, em representação do Ministro do Ambiente (Duarte Cordeiro), defendeu que “as energias renováveis fossem contempladas na nova lei da UE do restauro ecológico”, afirmando que “a implantação destes projetos de energia induzem a recuperação da biodiversidade”. Ora, no entender de Ângela Morgado, este é um argumento que “não tem qualquer sustentação científica” e que apenas “representa a prioridade que Portugal dá a estes projetos em detrimento da proteção e restauro da natureza”.
Ainda assim, a representante da ANP|WWF constata que “João Galamba representa uma posição de governo”, ou seja, “enquanto a posição do governo sobre estas matérias não mudar, do ponto de vista ambiental pouca diferença fará alterar o Secretário da pasta”.
Em relação à separação junção da pasta Ambiente e Energia, Ângela Morgado refere o que facto de terem estado no mesmo Ministério deveria ser motivo para se facilitar a “coordenação entre as áreas e integrar as preocupações ambientais nas políticas energéticas”, algo que, na prática, não aconteceu: “O que temos visto é um Ministério mais preocupado com os custos da energia, os subsídios e a competitividade do setor – o que faz com que as questões ambientais fiquem sempre em segundo ou terceiro plano”. Nesta equação, a responsável chama a atenção que “não basta uma matriz energética emitir menos carbono para ser sustentável”, pois para além das alterações climáticas deve-se ter em conta a “conservação da biodiversidade”. Além disso, “a variedade de assuntos de Energia e Ambiente a que é preciso dar seguimento justificaria só por si à partida a separação destas pastas, tal como acontecia no anterior governo”, remata.
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