No 28º aniversário da Ambiente Magazine, assinalado em dezembro de 2021, lançamos um desafio ao setor do ambiente. Designado por “Passa-a-Palavra”, este desafio começou com Lee Hodder (Galp), José Furtado (Águas de Portugal) e Ana Isabel Trigo Morais (Sociedade Ponto Verde), onde cada um teve de responder à pergunta -“Para quando a sustentabilidade?” – e, ao mesmo tempo, lançarem o mesmo desafio a outras personalidades, e assim sucessivamente. Nesta edição número 92, que corresponde à segunda parte do trabalho (primeira foi publicada na edição 91), partilhamos os testemunhos da área das Águas.
Na próxima edição serão disponibilizados os testemunhos da área da Energia.
Hoje, partilhamos o testemunho de Fernanda Pésinho (Câmara Municipal de Palmela), desafiada por António Ventura (Simarsul).
PARA QUANDO A SUSTENTABILIDADE?
A sustentabilidade tem várias vertentes, mas sem a social, todas perdem sentido.
A consciência da finitude dos recursos e a capacidade de satisfazer as necessidades presentes sem comprometer o futuro, leva-nos a refletir sobre diferentes modelos de gestão e a concluir pela falta de ética nalguns deles, associados a lógica mercantilista.
No setor da Água e Saneamento, a gestão municipal tem presente, numa ótica ecologista, a importância da sustentabilidade como garante do desenvolvimento harmonioso do território, que deve ser partilhada por todos.
O acesso de todos a serviços essenciais, a preços socialmente justos, que procurem a cobertura dos custos, a redução dos impactos no ambiente e elevados padrões de qualidade devem ser objetivos claros que só a gestão pública poderá assegurar.
Há que (re)conhecer as especificidades dos territórios e as diferentes capacidades de intervir por parte de quem os gere ao nível local, definir políticas com critérios diferenciados que permitam discriminar positivamente territórios, dotando-os de igual capacidade para investir e assim garantir a sustentabilidade.