No 28º aniversário da Ambiente Magazine, assinalado em dezembro de 2021, lançamos um desafio ao setor do ambiente. Designado por “Passa-a-Palavra”, este desafio começou com Lee Hodder (Galp), José Furtado (Águas de Portugal) e Ana Isabel Trigo Morais (Sociedade Ponto Verde), onde cada um teve de responder à pergunta -“Para quando a sustentabilidade?” – e, ao mesmo tempo, lançarem o mesmo desafio a outras personalidades, e assim sucessivamente. Neste trabalho, incluído na edição impressa número 91 da Ambiente Magazine, apenas conseguimos partilhar os testemunhos da área dos resíduos, ficando a promessa de que, nas duas próximas edições, serão disponibilizados os testemunhos das restantes áreas.
Hoje, partilhamos o testemunho de José Luís Monteiro (Oikos), desafiado por Ana Patrícia Fonseca (FEC – Fundação Fé e Cooperação).
PARA QUANDO A SUSTENTABILIDADE?
“Pergunta simples, com muitas respostas.
Parece-me que a resposta “honesta” que a maioria das entidades com responsabilidades sobre o assunto (desde o nível global até ao nível individual) é para “amanhã”. No entanto, tal como diziam os Rádio Macau, numa música velhinha de 1987, “amanhã é sempre longe demais”.
A resposta que eu gostaria de dar seria “para ontem”. No entanto, o conceito foi discutido pela primeira vez no texto “A Blueprint for Survival” em 1972. Nele os autores, cerca de 3 dezenas de cientistas, falam na necessidade de reestruturar radicalmente a sociedade para “evitar o colapso da sociedade e a disrupção irreversível dos sistemas que suportam a vida no planeta”. Pelo que, já tivemos quase meio século para avançar esta reestruturação, algumas coisas foram feitas, mas não o suficiente. Logo a resposta para “ontem” não serve.
Julgo que a única resposta possível é que devemos lutar para alcançar a sustentabilidade hoje e todos os dias depois de hoje. Assim ao fim do dia, mesmo que ainda não estejamos lá, pelo menos avançámos na direção certa”.
By: José Luís Monteiro (Oikos)