Angola vai recontar palancas negras gigantes em habitat natural
Angola vai proceder à recontagem do número de palancas negras gigantes em habitat natural, uma das iniciativas governamentais de combate à caça furtiva e ao tráfico de produtos da vida selvagem. Em nota de imprensa alusiva ao Dia Internacional da Vida Selvagem, que hoje se comemora, o Ministério do Ambiente de Angola sublinha que, em consonância com as políticas e estratégias da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), tem realizado um conjunto de esforços para alinhar e tornar inclusiva a sua estratégia de proteção da vida selvagem.
O documento, a que agência Lusa teve acesso, cita que estão em curso projetos como a ampliação das áreas de conservação, a conservação permanente da palanca negra gigante no seu habitat natural ou expedições de investigação para o descobrimento de novas espécies animais em Angola.
O levantamento do número de elefantes em Angola, o estudo da sobrevivência da chita, o estudo sobre a tartaruga marinha e sua nidificação ao longo da costa angolana e o estudo sobre os répteis do Parque Nacional do Iona são igualmente projetos governamentais na luta para a preservação do meio ambiente.
“Além destas ações, que têm sido realizadas de forma bastante exitosa, foram elaborados e publicados vários decretos-lei que concorrem para o abrandamento da degradação ambiental e exploração ilegal de produtos da biodiversidade”, lê-se no documento.
As ações em curso são, segundo o Ministério do Ambiente, a reafirmação do compromisso de Angola na luta pelo controlo do comércio internacional de espécies ameaçadas, bem como na luta contra o tráfico regional e internacional, em colaboração com outras instituições congéneres.
Para este ano, o Ministério do Ambiente prevê a construção de um santuário turístico no Parque Nacional de Cangandala, província de Malange, habitat natural da palanca negra, bem como a colocação de alguns machos naquele local.
Segundo o coordenador do projeto de conservação da palanca negra, Pedro Vaz Pinto, esta decisão foi tomada tendo em conta as constantes ameaças verificadas nos últimos anos sobre esta espécie animal.
“Pretendemos reforçar as medidas de gestão e fiscalização em ambas as reservas – Luando e Cangandala, ambas em Malange – bem como a elaboração e implementação dos respetivos planos de gestão, visto que sem gestão efetiva e visão de médio e longo prazo não há proteção nem futuro para a palanca”, disse Pedro Vaz Pinto, citado pela agência noticiosa angolana, Angop.
O especialista disse que a palanca negra encontra-se em risco de extinção, devido à caça furtiva, com a utilização de armas de fogo, armadilhas de laço e ratoeiras de ferro, que têm estado a causar mortes e mutilações.
“Uns incríveis 20% de animais adultos capturados ou fotografados apresentam ferimentos graves causados por armadilhas”, lamentou Pedro Vaz Pinto, salientando que o número de palancas existentes nas duas áreas de conservação acima referidas deve chegar aos cerca de 160 animais, contra as quase duas mil na década de 1970.
O dia 3 de março foi instituído pelas Nações Unidas Dia Internacional da Vida Selvagem em 2013, durante a 68ª assembleia-geral da ONU, com o objetivo de celebrar os benefícios sustentáveis resultantes da flora e fauna selvagem do planeta, bem como alertar sobre os perigos da caça furtiva e o tráfico de espécies à vida selvagem.