O assunto foi abordado na última quinta-feira, dia 13 de abril, entre a embaixadora angolana na Zâmbia, Balbina Dias da Silva, e a ministra da Agricultura daquele país, Dora Siliya, com Angola a transmitir o pedido para disponibilização desta quantidade de milho “no menor tempo possível”.
A governante zambiana, que recebeu igual pedido da também vizinha República Democrática do Congo, neste caso para venda de 100 mil toneladas, não se comprometeu com a disponibilização das quantidades pretendidas, por a prioridade ser a exportação de farinha, para fomentar a produção local, mantendo-se a proibição de exportação de milho pelo país. Ainda assim, admitiu que o presidente zambiano, Edgar Lungu, está “disposto a considerar” estes pedidos. “Quando a casa do seu vizinho está a arder, significa que até a sua casa é mais propensa a arder também”, disse a ministra Dora Siliya, citada pela imprensa zambiana.
A Zâmbia tem uma produção excedentária de milho, que chega a três milhões de toneladas por ano, com o Governo a comprar parte dessa quantidade para a Agência de Reserva Alimentar. As necessidades angolanas em termos de milho ascendam este ano a 5,5 milhões de toneladas, para consumo humano e ração animal, mas cerca de metade desta quantidade ainda é importada.
O Governo angolano lançou em janeiro de 2016 um programa que visa dinamizar a produção nacional e diversificação além do petróleo, para travar as importações e aumentar as exportações, gerando outras fontes de divisas, sendo a agricultura a principal aposta.
A Lusa noticiou a 25 de fevereiro que um empresário chinês pretende investir, em conjunto com um grupo angolano, quase três milhões de euros para produzir milho na província de Benguela, criando 130 postos de trabalho, conforme contrato de investimento a que a Lusa teve acesso. O contrato em causa foi aprovado por despacho do Ministério da Agricultura a 27 de janeiro e envolve a empresa angolana Ovaxing, que vende 49 por cento do seu capital social ao empresário chinês Deng Xingwu, que também assegurará uma parte do novo investimento.
Com sede no município da Ganda, Benguela, a Ovaxing e o investidor chinês pretendem avançar com o cultivo e transformação de milho e outros produtos agrícolas naquela província, num investimento global de 3.062.000 dólares (2,9 milhões de euros) a concretizar até final deste ano e que permitirá, lê-se no contrato, “proporcionar parcerias entre entidades nacionais e estrangeiras”.
Mais de dois milhões de famílias angolanas vivem da agricultura, setor que emprega no país 2,4 milhões de pessoas e que conta com 13 mil explorações empresariais, segundo dados governamentais.