Angola avança com ligações de eletricidade em cinco províncias
O Governo angolano vai avançar com a construção de ligações para eletrificar 465 mil casas em cinco províncias, obras que deverão ser garantidas por empresas chinesas ao abrigo da linha de financiamento aprovada em 2015. A abertura do procedimento de negociação, ao abrigo da contratação pública, consta de um decreto presidencial de 16 de maio, ao qual a Lusa teve hoje acesso, e não identifica financiamento ou empresas que vão assumir as obras.
Contudo, as empreitadas a concurso são na generalidade as que constam do plano operacional da Linha de Crédito da China a Angola, no valor global de 5,2 mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros). Nesse plano, que a Lusa noticiou em janeiro, com obras a adjudicar a empresas chinesas, estava prevista a eletrificação de 480.000 domicílios por 945 milhões de dólares (843 milhões de euros).
No programa de procedimento agora aprovado pelo Presidente angolano, o total de ligações desce para 465.000, nas mesmas províncias: Cidade de Benguela (45.000), cidade do Huambo (30.000), cidade do Lubango e Matala-Huíla (22.500), cidade de Cabinda (30.000) e Luanda (375.000).
Este igualmente previsto neste procedimento de negociação a construção do sistema de transporte do Aproveitamento Hidroelétrico de Laúca (maior barragem angolana com inauguração prevista para 2017), na província de Malanje (norte), até ao Huambo (planalto central) e depois para o Lubango (sul).
Com um forte défice de produção de eletricidade, face às necessidades, o que leva a constantes constrangimentos no fornecimento, Angola encara ainda a inexistência de redes para abastecer as zonas mais rurais e grande parte das cidades são abastecidas por redes de geradores. O recenseamento da população realizado em 2014, cujos dados finais foram revelados no final de março último, concluiu que o acesso à rede de eletricidade é apenas garantido a 1,7 milhões de casas (31,9%), quase exclusivamente em zonas urbanas, já que na área rural apenas 48.173 agregados familiares são servidos.
O estudo identifica que praticamente ao nível da rede elétrica nacional (essencialmente nos grandes centros), as lanternas são a segundo principal fonte de iluminação. Servem mais de 1,752 milhões de famílias (31,6%) em Angola. Seguem-se em alternativa os candeeiros (14,3%) e os geradores (9,3%).