A ANEFA – Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente manifestou o seu desagrado quanto a algumas declarações pública do ministro da Agricultura, Luís Capoula Santos, no passado dia 13 de agosto. Em entrevista, o governante compara a reforma florestal aprovada no Parlamento a uma revolução da floresta. “Contudo, esquece-se que não há revoluções na floresta sem a participação de quem nela trabalha ou de quem a possui. E foi isso que aconteceu, ao contrário do «algum mérito» que o Sr. Ministro afirma que esta reforma deverá ter, pelo simples facto de ter sido aprovada no Parlamento e acompanhada pelo Sr. Presidente da República, o mérito que a mesma teve foi o de unir os agentes do setor na crítica à Reforma Florestal, numa participação que o Sr. Ministro considerou, na altura, de exemplar, com mais de 600 comentários no período de Consulta Pública que
encerrou no final de Janeiro”.
Na mesma nota, enviada ontem à comunicação social, a ANEFA indica ainda que apesar da massiva participação, poucos conseguiram encontrar nesta reforma aprovada “vestígios das propostas apresentadas”. “Não entendemos pois, quando refere que «mas todos os que agora criticam foram incapazes de dedicar 60 segundos ao tema quando esteve em discussão pública»”.
Para esta associação, a verdadeira revolução florestal passaria por se encontrar soluções financeiras que conduzissem o produtor a uma gestão florestal profissional através do investimento direto na floresta, que permitisse reverter o paradigma de consumirmos mais produtos florestais do que produzimos, sempre associado a modelos que levassem a criação de emprego nas regiões florestais. E explica que “isso não se resolve com o constante apoio a Organizações Florestais ou a pagar o combate dos fogos rurais, gastando-se dessa forma o dinheiro do Fundo Florestal Permanente e do Quadro Comunitário de Apoio. Esse modelo, seguido pelos Governantes desde o início da década de 90 produziu os resultados que estão à vista”.
Relativamente ao comentário de Capoula Santos quando revela estar “muito satisfeito por um ano depois termos conseguido fazê-lo, contra tudo e contra todos, contra lóbis, comentadores, cientistas, e ninguém teve coragem de destroçar esta reforma”, a ANEFA não hesita em questionar: “Como é que se pode sentir satisfeito realizando no papel uma reforma «contra tudo e contra todos»? Não deixa de ser curioso que depois refira que «parte dos resultados dependerão da sociedade, porque 98% da floresta é privada»”.
A associação concorda com a posição do ministro da Agricultura quando admite que hoje não se cumprem integralmente as leis da floresta, diz que falta fiscalização, diz que não está satisfeito com os resultados da atuação quer dos serviços centrais (do seu próprio ministério), quer das autarquias locais, quer das autoridades policiais. “Essa é a prova do constante desinteresse dos sucessivos Governos em relação à floresta, mas nada se propõe para alterar essa situação”, critica a ANEFA.