#Ambiguia: Como tornar uma ida à praia ainda mais sustentável?
Com a abertura da época balnear é altura de sensibilizar os cidadãos para idas à praia mais sustentáveis. É já reconhecida a quantidade de resíduos que são depositados nas areias portuguesas, com grande destaque para as beatas de cigarro e o consequente impacto para o meio ambiente.
Fomos ao encontro de vários municípios portugueses e de entidades/organizações que partilham a evolução comportamental do cidadão numa ida à praia.
Por: Sara Correia, Project Officer da Associação ZERO
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As praias portuguesas estão devidamente equipadas para dar resposta à quantidade de resíduos que é depositado nos areais?
De ano para ano temos assistido a uma maior preocupação dos municípios em disponibilizar os equipamentos necessários para que os banhistas possam dar o devido encaminhamento aos resíduos que produzem, até porque cada vez mais os municípios pretendem ver rentabilizadas as potencialidades das suas praias, a nível turístico, com a atribuição de várias distinções a nível ambiental (ex.bandeira azul) as quais têm critérios a cumprir também ao nível dos resíduos. No entanto os resíduos que surgem nas praias não têm origem somente nas atividades balneares e durante o Verão, uma parte muito significativa dos resíduos têm outras origens e surgem ao longo de todo o ano sendo necessário que também esses resíduos que surgem fora da época balnear sejam recolhidos e devidamente encaminhados e aí sim encontramos algumas falhas.
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Há algum valor médio sobre o lixo que é depositado nas praias portuguesas?
Não existe propriamente um valor conhecido acerca da quantidade de lixo que é depositado nas praias portuguesas, existe sim conhecimento acerca da composição desse lixo, graças às campanhas de monitorização que são realizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente. Sabemos, por exemplo, que os plásticos compõem a grande fatia de todo o lixo encontrado nas praias, representando cerca de 88%, seguidos dos artigos sanitários que representam cerca de 6%.
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Como devem estar as praias preparadas para dar as boas-vindas à época balnear?
Acima de tudo é necessário que as praias tenham sempre disponíveis, visíveis e facilmente acessíveis os equipamentos de recolha dos diferentes tipos de resíduos e que os municípios assegurem uma frequência de recolha adequada para que esses mesmos recipientes não fiquem depois a transbordar de lixo e este não acabe por ir parar até ao mar ou aos rios, no caso das águas balneares interiores. Ainda assim, nada disto será suficiente se os municípios não se empenharem na implementação de políticas eficazes de prevenção da produção de resíduos e de gestão dos resíduos produzidos, que contribuam para promover um maior envolvimento dos cidadãos e uma maior consciencialização das suas responsabilidades relativamente aos resíduos que produzem.
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Os cidadãos estão conscientes sobre o impacto dos resíduos que são depositados nos areais?
Vão tendo cada vez mais consciência do impacto que os resíduos têm para o ambiente, mas assumem pouco a sua responsabilidade individual. Não basta estar consciente, é preciso agir em conformidade com essa consciência.
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Como é que tem (ou não) evoluído o comportamento dos portugueses quando se deslocam a uma praia?
A evolução tem sido, em geral, positiva embora permaneçam alguns hábitos menos corretos como o deixar as beatas de cigarro na areia ou o pisoteio de dunas. No caso das beatas de cigarro, estas continuam a ser o item de lixo mais encontrado nas nossas praias apesar das sucessivas campanhas de sensibilização com disponibilização de cinzeiros de praia. No caso do pisoteio de dunas este não permite que existam condições para a regeneração dos sistemas dunares das praias e obrigam muitas vezes os municípios a consumir recursos com a plantação de plantas dunares e com a instalação de estruturas para facilitar a regeneração das dunas.
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Considera que a comunicação – sensibilização – tem sido suficiente para mudar os comportamentos dos cidadãos? Que outras medidas deveriam ser postas em prática?
A sensibilização é importante e tem revelado alguns resultados positivos, mas não podemos achar que tudo se resolve com ações de sensibilização e os resultados nacionais com a reciclagem são um bom exemplo disso. Apesar de se falar de reciclagem há quase 30 anos, de termos ecopontos espalhados por todo o país e das imensas campanhas se sensibilização realizadas à volta desse tema a verdade é que continuamos com uma taxa de reciclagem muito aquém do que seria necessário.
São necessárias políticas públicas mais exigentes aplicadas a várias áreas, desde os resíduos, ao saneamento urbano, à conservação da natureza e muitas outras, que induzam nos cidadãos comportamentos mais adequados do ponto de vista ambiental. É preciso lembrar que os resíduos que aparecem nas praias são produzidos por todos nós ao longo de todo o ano e não apenas durante a época balnear e isso exige uma alteração de comportamentos no nosso dia-a-dia e não apenas quando vamos à praia.
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Como tornar uma ida à praia ainda mais sustentável e amiga do ambiente?
Existem algumas dicas simples que podem tornar uma ida à praia mais sustentável e amiga do ambiente. Por exemplo:
- Levar a água numa garrafa reutilizável em vez de comprar garrafas de plástico.
- Transportar as suas refeições em recipientes reutilizáveis, preparadas em casa com ingredientes frescos e locais, em vez de comprar comida embalada ou fast-food.
- Dar preferência à deslocação em transportes públicos ou à partilha da viagem de carro com familiares ou amigos, para reduzir as emissões de gases poluentes e o consumo de combustível.
- Não deixar lixo na praia e recolher o que encontrar, separando-o para reciclagem.
- Preservar a paisagem e os ecossistemas envolventes das zonas balneares, evitando o pisoteio de dunas ou outras áreas sensíveis.