A ministra do Mar disse ontem, questionada sobre a eventual exploração petrolífera no Algarve, que “nenhuma razão económica pode vir a obrigar o Estado a comprometer os seus recursos naturais e que nunca poderão ser viabilizados atentados ambientais”.
As populações temem impactos ambientais prejudiciais para as suas regiões e atividades económicas, como o turismo, a agricultura ou a pesca, e contestam as prospeções e a eventual exploração de petróleo e gás natural nessas regiões.
Os consórcios, por seu turno, garantiram ao DN que “não há riscos ambientais” e fonte do Ministério da Economia, que tutela o dossiê, asseverou o mesmo e reafirmou o que o primeiro-ministro António Costa já havia dito que “as prospeções contratadas são para avançar”.
Ana Paulo Vitorino voltou a dizer que as suas obrigações de soberania começam desde logo por “defender o nosso território” e isso quer dizer “ter de o preservar, ter de garantir a sustentabilidade ambiental dos nossos recursos, ter de proteger o nosso território contra danos irreversíveis ou penosos para as comunidades, e por isso não é com leviandade que essas coisas se fazem”, disse a ministra, à margem da visita ao polo do Mar do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, em Matosinhos.
A governante sublinhou, ainda, que o país “precisa de saber quais os recursos que tem, pelo que não existe mal nenhum em explorar para saber se há minerais, gás, petróleo”, sendo necessária uma avaliação caso haja “litígio entre várias atividades”. E salientou que “não existe nenhuma razão económica que possa levar o Estado a esquecer a sua obrigação de proteção dos seus recursos”.
Em dezembro os autarcas algarvios renovaram o seu voto de protesto contra a eventual exploração de petróleo na região e prometeram tudo fazer para reverter o processo, após uma reunião com a Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENMC). “Discordamos do modelo de exploração de petróleo no Algarve, queremos uma região de energias limpas e que tenha todo o ano um setor turístico forte”, disse então o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, Jorge Botelho, após a reunião com a ENMC.
Como o DN noticiou no sábado, ambientalistas e autarcas algarvios e da Costa Vicentina estão contra a prospeção e pesquisa de petróleo naquelas regiões.