Quase um quarto das mortes registadas no mundo têm causas relacionadas com fatores ambientais como a poluição do ar, água e solo, exposição a químicos, mudanças climáticas e radiação ultravioleta, segundo revela a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um relatório da OMS, publicado ontem, dia 15, estima que, em 2012, 12,6 milhões de mortes se deveram a esses fatores de risco, que provocam uma centena de doenças ou traumas nos humanos.
A OMS, que tinha elaborado um primeiro quadro do impacto ambiental em 2002, estabelece uma lista das 10 primeiras patologias relacionadas com o ambiente.
Poluição – A organização afirma que 8,2 milhões de mortes por doenças não-transmissíveis podem ser atribuídas à poluição do ar. Tratam-se, sobretudo, dos acidentes vasculares cerebrais (AVC), doenças cardíacas, cancro e doenças respiratórias.
Acidentes – Os traumas não-intencionais, como os acidentes de trânsito, também são classificados pela OMS entre as patologias relacionadas ao meio ambiente e representam 1,7 milhão de mortes em 2012. A OMS considera que os acidentes de circulação também estão relacionados ao meio ambiente porque com frequência são causados pelo mau estado das estradas.
Falta de saneamento – A OMS também acredita que a diarreia, que ocupa o sexto lugar no grupo das 10 doenças listadas pela OMS, é provocada com frequência por uma rede sanitária fraca, provocando 846 mil mortes anuais.
Os “traumatismos voluntários”, que incluem os suicídios, são a décima causa das mortes relacionadas ao meio ambiente. Para a OMS, certos suicídios são provocados por um acesso a produtos tóxicos, como os pesticidas, e portanto relacionados ao ambiente.
Para a organização internacional, “uma melhor gestão do meio ambiente permitiria salvar todos os anos” 1,7 milhão de crianças com menos de 5 anos e 4,9 milhões de idosos.
“Em 2002, tínhamos mais ou menos 25% das mortes mundiais causadas pelo meio ambiente, hoje são 23%, um pouco menos, mas como a população aumentou em 10 anos a quantidade final continua sendo alta”, comentou a médica María Neira, diretora do Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente.
No Sudeste Asiático é onde se regista o maior número de mortes vinculadas ao meio ambiente, um total de 3,8 milhões. Em segundo lugar figura a região do Pacífico (3,5 milhões), seguida da África (2,2 milhões), Europa (1,4 milhão), Médio Oriente (854.000) e América (847.000).
Para resolver a situação, a OMS propõe receitas simples: reduzir as emissões de carbono, desenvolver os transportes coletivos, melhorar a rede sanitária, combater os modos de consumo para utilizar menos produtos químicos, se proteger do sol e impor proibições de fumar.