Ambiente: Como evoluímos, onde estamos e para onde vamos?
No âmbito do Dia Mundial do Ambiente, assinalado este domingo, 5 de junho, a Pordata, base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, reuniu uma série de dados que oferecem uma visão abrangente da situação ambiental no país. A proteção do ambiente tem sido umas das prioridades políticas, sociais e económicas a nível global e a sua importância granjeou um consenso praticamente generalizado nas últimas décadas: “Portugal tem sabido acompanhar o ritmo do resto da Europa? Os portugueses têm realmente evoluído para um modo de vida mais sustentável? E as políticas nesse sentido têm surtido efeito?” Os dados partilhados, num comunicado, pela Pordata visam dar resposta a estas e a outras questões.
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Água e Saneamento
Quanta água se consome por dia?
Durante o ano de 2019, em Portugal, gastaram-se quase 673 mil milhões de litros de água. O consumo de água em Portugal mantém-se desde 2012 entre os 628 a 683 mil milhões.
m3 (metro-cúbico) = 1000 litros
Fonte: INE | ERSAR | ERSARA | DREM, Pordata, 2019
Quanta água canalizada é segura para consumo? Como evoluiu?
Em 2020, 99% da água canalizada era segura para consumir. Mas no início do século, mais do que ¾ da água canalizada era segura. Há cerca de 30 anos, em 1993, apenas metade era segura.
Fonte: ERSAR, Pordata, 2020
Qual é a qualidade da água das praias costeiras e interiores?
Em 2020, Portugal foi o 9.º país da União Europeia entre os 22 países com orla costeira com maior percentagem de águas balneares costeiras com qualidade excelente (93%), acima da média europeia (88%). Na Polónia e na Estónia, menos de metade das praias costeiras tinha água de qualidade excelente.
Já em águas balneares interiores, Portugal estava na 13.ª posição (com 75% destas com qualidade excelente), abaixo da média europeia (78%).
Fonte: Eurostat, Pordata, 2020
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Território, Biodiversidade e Proteção Ambiental
Qual a área do território ocupada por florestas?
Metade do território português era em 2018 ocupado por ecossistemas florestais, a 7.ª maior percentagem da UE27, acima da média europeia (44%). Os países com maior percentagem de florestas são a Finlândia (70%), a Suécia (67%) e a Eslovénia (63%).
Fonte: Eurostat, Pordata, 2018
Qual a dimensão das áreas protegidas nos territórios europeus?
Em 2021, em Portugal, mais de 1/5 do território terrestre correspondia a áreas protegidas, incluindo a Rede Natura 2000. Portugal era o 16.º país com maior percentagem de área protegida da UE27, abaixo da média europeia (26%).
Mais de metade do Luxemburgo estava ocupado por áreas protegidas (52%), seguido pela Bulgária (41%) e pela Eslovénia (41%). A Finlândia (13%), a Irlanda (14%) e a Suécia (14%) eram os países com menor percentagem.
Já em relação às áreas marinhas, Portugal era o 3.º país com maior superfície protegida em 2019 – 77 mil km2, pouco menos do que a superfície de Portugal continental (89 mil km2).
Fonte: Eurostat, Pordata, 2021
Como evoluíram os incêndios em Portugal?
Nos últimos 40 anos, 2017 foi o ano com mais área ardida – mais de 500 mil hectares, o que corresponde a 6% do território continental. Mas não foi o ano com mais incêndios: em 2005 houve mais de 41 mil incêndios. Em 2020, houve quase 10 mil incêndios e arderam 67 mil hectares.
Fonte: DGT, ICNF, Pordata
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Clima e Emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE)
Como tem evoluído a temperatura do ar em Portugal?
Os dados das temperaturas médias mensais, registados nas estações meteorológicas, distribuídas pelos principais pontos do País – Viana do Castelo, Porto, Bragança, Castelo Branco, Lisboa, Beja, Faro, Angra do Heroísmo e Funchal – revelam um aumento gradual da temperatura média do ar.
Fonte: IPMA/MM-MCTES-MAAC, Pordata
Como variaram as emissões de gases de efeito de estufa (GEE) na Europa?
Em 2019, Portugal aumentou as suas emissões em 13% face a 1990. O ano com mais emissões foi 2005, +46% de emissões face a 1990. Desde aí, as emissões têm diminuído (excepto entre 2014 e 2017).
Portugal foi o 4.º país da UE27 com uma maior subida face a 1990. Só outros 4 países aumentaram as suas emissões: o Chipre, a Irlanda e a Espanha – no pódio, e a Áustria que estava em 5.º lugar.
Fonte: Eurostat, INE, Pordata, 2019
Qual é o setor de atividade que mais origina emissões de GEE?
Na UE27, as indústrias de energia são o principal responsável o principal responsável pelas emissões de GEE para a atmosfera, com 25% do total dessas emissões em 2019, seguido pelo setor dos Transportes (23%). Em Portugal, os transportes são o principal responsável (28% do total de emissões de GEE), seguido pelas indústrias de energia (20,5%).
A emissão de GEE a partir do setor dos transportes tem aumentado, em termos absolutos, desde 2013, tanto em Portugal como na UE27. Portugal registou, assim, em 2019 um aumento de 12%, face a 2013, nas emissões de GEE a partir dos transportes, após uma trajetória decrescente registada desde 2002.
Fonte: Eurostat, INE, Pordata
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Resíduos
Quanto lixo produzimos?
Em 2020, em Portugal, produziram-se cerca de 5,3 milhões de toneladas de resíduos urbanos. Por habitante, produziu-se cerca de 513 kg durante o ano, ou seja, 1,4 kg por dia.
Desde 1995 que a produção de lixo em Portugal aumentou cerca de 50%, ao passo que na UE27 esse aumento foi de 14%.
Fonte: Eurostat, Pordata
Para onde vai o lixo que produzimos?
Em 2020, em Portugal, os resíduos urbanos tratados tiveram como principal destino o aterro (54%), ao passo que na UE27 correspondeu a 23%. Assim, na UE27 o principal destino do lixo é já a reciclagem (30%), valor que em Portugal atinge apenas 13%.
Os resíduos têm também como destino a incineração com recuperação de energia (28% na UE27 vs 19% em Portugal) e a compostagem (18% na UE27 vs 14% em Portugal).
No entanto, os pontos de partida de Portugal e da UE27 eram muito diferentes: em 1995, 90% do lixo em Portugal ia para aterro, ao passo que na UE27 esse valor era de 65%. A reciclagem, por sua vez, era de 1% em Portugal quando na UE27 era já de 12%.
Fonte: Eurostat, Pordata
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Energia
Que fontes de energia são utilizadas na produção de energia renovável?
Em 2020, as energias renováveis representaram 98% do total de energia produzida em Portugal, muito acima da média da UE27 (41%). Os tipos de energia renovável mais utilizados na produção em Portugal foram biomassa (51%), energia eólica (16%), energia hídrica (16%), energia solar (4%) e energia geotérmica (3%).
Apesar da biomassa ser a fonte mais utilizada, esta tem tido uma trajetória descendente. Em 1990, correspondia a 76% da energia gerada por fontes renováveis. A energia hídrica varia muito consoante o nível de pluviosidade do ano em causa. A energia eólica tem tido um grande crescimento desde 2005, ano em que apenas representava 4% da produção por energias renováveis. Tanto a energia solar como a energia geotérmica, apesar de terem multiplicado os seus valores, ainda contribuem residualmente para o total da produção de energias renováveis.
Fonte: Eurostat, Pordata
Quais são as fontes de energia que mais consumimos?
Em 2020, a fonte de energia final que mais consumimos foi o petróleo (41%), seguida da energia elétrica (26%), as energias renováveis (19%), o gás (11%) e os combustíveis sólidos (como por exemplo o carvão) (0,1%).
O consumo final de petróleo tem tido uma trajetória decrescente desde 1998, quando 61% da energia consumida provinha desta fonte. Em sentido contrário, tem aumentado o consumo do gás (+67%), de energias renováveis (+20%) e da energia elétrica (+16%), face a 2001.
Fonte: Eurostat, Pordata
Em que países o consumo de energia das famílias é maior ou menor, per capita?
Em 2020, as famílias portuguesas foram as segundas da UE27 que menos consumiram energia, por habitante, tal como em 2019, ano de pré-pandemia. Só as famílias de Malta consumiram menos energia. As famílias da Finlândia consumiram mais do triplo e as do Luxemburgo 2,5 vezes mais do que em Portugal.
Fonte: Eurostat, INE, 2020