O que tem sido feito nos últimos anos no campo do combate às alterações climáticas esteve hoje em discussão, na sede da EDP, numa conferência que se realizou na reta final para a Cimeira das Nações Unidas sobre o Clima (COP21), em Paris.
António Mexia, presidente da EDP e um dos intervenientes do encontro, garantiu que a principal barreira do sector vai ser a “tomada de atitude” das pessoas . “Não se trata de um problema de tecnologia, mas de atitude. E a mudança de atitude não se dá num só dia. É um processo, vai-se dando. O que tem de ser feito a nível individual e coletivo exige comunicação. Não podemos comunicar só no dia a seguir à catástrofe”, sublinhou.
No entanto, António Mexia reconhece o progresso que tem sido feito pelas empresas, que “já vão percebendo qual é o seu papel”. “Este assunto hoje já atrai mais atenções. A nível das empresas, passou-se da conversa politicamente correta para se ser consistente ao nível de estratégias de ação do dia-a-dia”, referiu, esta manhã, em Lisboa. Resultado desta mudança de mentalidades, nos últimos anos, é que as companhias “passaram das palavras às ações”. “Este tema começou, em muitas empresas, porque ficava bem no salão ou na sala de conferências, mas hoje é claro que isto já faz parte da estratégia de atuação das grandes empresas”, enfatizou.
Hoje em dia, salientou, fruto de uma maior consciência do que se passa no mundo em matéria de alterações climáticas, “houve, também, uma mudança nos atores do mercado”. “Aqui há uns anos, fundos que investiam em empresas responsáveis a nível ambiental era uma coisa exótica, mas deixou de o ser. Há efetivamente fundos de investimento que gerem triliões e só põem o seu dinheiro em empresas que tenham uma estratégia de sustentabilidade não só por ser correto mas porque vêm nessas empresas menor risco de virem a ser confrontadas com problemas”, apontou o gestor.
Durante a conferência, destacou, ainda, que, apesar da eletrificação “ser responsável por 90% das emissões”, será um “um elemento indispensável se quisermos avançar para a descarbonização”. “O mundo tem de ser eletrificado porque a eletrificação permite utilizações mais inteligentes e mais limpas do ponto de vista da energia”, explicou.
António Mexia concluiu, dizendo que “vamos assistir a uma revolução tecnológica assim que as baterias permitirem autonomias maiores, o que está a começar a acontecer”. “As baterias vão melhorar a sua capacidade, o que vai ter impacto no mercado. O armazenamento vai ser decisivo para poder ter soluções mais eficientes”, frisou.
Com as expetativas de todos os que defendem a urgência de medidas eficazes contra o aquecimento global concentradas na próxima COP21, a EDP, em parceria com o DN, promoveu, esta manhã, uma conferência que serviu para medir o pulso ao que estará em causa nas reuniões de Paris, de 30 de novembro a 11 de dezembro.