Alterações climáticas aceleram aumento da variedade de plantas nos cumes de montanhas
O número de espécies de plantas que nos últimos 10 anos chegou ao topo das montanhas europeias aumentou cinco vezes em relação ao período 1957-1966, uma aceleração ligada ao aquecimento global, segundo um estudo publicado na revista “Nature”, avança a Lusa. Juntando dados sobre 302 picos europeus, compilados ao longo de 145 anos, conclui-se que a aceleração do número de espécies nos topos das montanhas está “inequivocamente ligada ao aquecimento global”, dizem os cientistas.
O aquecimento global, acrescentam, está a levar as plantas a procurarem habitats no cimo das montanhas, até agora reservados apenas para as espécies mais resistentes. A equipa internacional de investigação verificou um aumento do número de espécies de plantas em 302 picos europeus no último século e meio, mas também descobriu que esse aumento está em aceleração, o que demonstra que a flora está a tentar acompanhar as consequências do aumento dos impactos antropogénicos (provocados pelo homem) no sistema da Terra.
Entre 1957 e 1966 o número de espécies em cada um dos 302 picos aumentou em média uma espécie, enquanto na última década foram, em média, mais de cinco as novas espécies que se moveram para os lugares mais altos. O estudo não mostra se essas novas plantas dos cumes estão a afetar as que durante séculos aí viveram, mas admite que isso pode estar a acontecer ou que acontecerá no futuro.
“Algumas das espécies que se adaptaram às frias e rochosas condições dos cumes das montanhas vão provavelmente desaparecer a longo prazo. Não têm mais para onde ir e não se podem desenvolver com a rapidez suficiente para competir com as recém-chegadas, mais altas e mais competitivas em climas mais quentes”, disse Manuel Steinbauer, principal autor do estudo, da Universidade de Erlangen-Nuremberga, Alemanha. Mas mesmo que as espécies dos cumes das montanhas não estejam em perigo é preocupante o aumento dos efeitos das alterações climáticas, que serão mais fortes em 2100, contrapôs Jens-Christian Svenning, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.
O estudo foi conduzido por investigadores de 11 países europeus e apenas podia ser feito na Europa porque só a Europa tinha dados sobre a movimentação das plantas desde 1870.
*Foto de Lusa