Esta sexta-feira, dia 3 de maio, é o Dia da Sobrecarga do Planeta para a União Europeia. Isto significa que, se as populações mundiais seguissem os padrões de consumo da UE, a humanidade esgotaria hoje os recursos naturais do planeta disponíveis para este ano.
Para marcar a ocasião, mais de 200 organizações da sociedade civil — incluindo as organizações portuguesas Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), ANP|WWF e ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável — apelam, numa carta aberta aos chefes de Estado e de Governo, aos Presidentes da Comissão, do Conselho e do Parlamento da UE, bem como aos deputados do Parlamento da UE, para que assumam o compromisso político de trabalhar no sentido de uma economia com impacto neutro no clima, com poluição zero e positiva para a natureza.
Esta iniciativa surge na sequência dos inéditos e preocupantes recuos nas políticas ecológicas nos últimos meses, com a sua “instrumentalização para ganhos eleitorais a curto prazo”.
Especificamente, a sociedade civil apela aos decisores políticos para aprofundarem e acelerarem o Pacto Ecológico Europeu, implementando plenamente os objetivos recentemente acordados e colmatando as lacunas de ambição em matéria de natureza, clima e poluição. Além disso, pedem para aumentarem os investimentos públicos em clima, ambiente e justiça social, e reforçarem a governação da UE, a democracia e a participação efetiva da sociedade civil.
“As nossas sociedades e economias estão dependentes do que a natureza nos fornece: alimentos, água, fibras, madeira, absorção de carbono e terrenos para construir infraestruturas. E embora a UE represente apenas 7% da população mundial, precisaríamos de três planetas para satisfazer a nossa procura se toda a gente na Terra vivesse como os europeus. Isto não é apenas insustentável, é irresponsável”, pode ler-se no comunicado enviado à imprensa.
“As consequências da nossa ultrapassagem ecológica incluem a desflorestação global, a perda de biodiversidade, o colapso dos stocks de peixes, a escassez e a poluição da água, a erosão dos solos, a poluição atmosférica e as alterações climáticas, que conduzem a fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes, como secas, inundações e incêndios florestais. Isto diz-nos respeito a todos, uma vez que a Europa está a caminhar para sofrer aumentos de temperatura duas vezes superiores aos de outros continentes devido às alterações climáticas. E os riscos ligados à exploração dos recursos, como a violência, a pobreza e a má governação, põem em risco a paz e a segurança mundiais”.